EUA rejeitam posição alemã sobre clima

Os Estados Unidos rejeitaram a tentativa da Alemanha de fazer com que o Grupo dos Oito (G8) determine cortes maiores nas emissões de carbono, segundo um documento preliminar que será apresentado na reunião do grupo, no mês que vem.

Como os termos da rejeição são bastante veementes, fica armado o cenário para um impasse na cúpula a ser realizada no resort alemão de Heiligendamm, entre 6 e 8 de junho. “Os EUA têm preocupações sérias, fundamentais sobre este rascunho da declaração”, diz em letras vermelhas uma observação no início do comunicado obtido pela agência de notícias Reuters na sexta-feira (25).

A Alemanha, que preside o G8, quer que a cúpula determine metas e cronogramas para o corte drástico na emissão de carbono e para a melhora na eficiência no uso da energia para o transporte.

“O tratamento das mudanças no clima vai contra nossa posição (EUA) e cruza vários ‘limites’ em termos daquilo que nós simplesmente não podemos concordar”, lê-se no documento preliminar visto pela Reuters.

A chanceler alemã, Angela Merkel, com o apoio do premiê britânico, Tony Blair, quer que o grupo dos países mais industrializados do mundo mais a Rússia chegue a um acordo para conter o aquecimento global neste século, para atingir no máximo 2ºC na média; cortar até 2050 as emissões de carbono globais para níveis 50% menores que os de 1990; aumentar em 20% a eficiência energética no consumo de eletricidade e de combustíveis até 2020.

Os EUA, que não participam do Protocolo de Kyoto – o programa da ONU para o corte de emissões – por considerá-lo um suicídio econômico, é veementemente contra qualquer meta ou cronograma de cumprimento obrigatório.

O governo norte-americano também é contra o comércio de carbono, já que ele significa implicitamente que haverá um teto nas emissões.

“As propostas dentro das seções intituladas ‘Combatendo as Mudanças no Clima’ e ‘Mercados de Carbono’ são fundamentalmente incompatíveis com a abordagem do presidente às mudanças no clima”, dizia outra observação em vermelho no documento.

O grupo ambientalista Greenpeace disse que a posição dos EUA põe em dúvida as declarações confiantes de Blair de que os norte-americanos estavam ficando mais moderados com a aproximação da cúpula.

“A tentativa de Bush de obstruir qualquer acordo significativo na cúpula do G8 em junho é tão criminosa quanto era de se esperar; Merkel precisa agora deixar bem claro o isolamento de Bush em Heiligendamm”, disse John Sauven, diretor do Greenpeace. Diplomatas afirmam que, faltando menos de duas semanas para a cúpula, ainda não dá para saber se ela vai dar origem a alguma declaração relevante sobre o clima. (Reuters/ Globo.com)