Seis grandes pirâmides, de cerca de 15 metros de altura, cercadas por dezenas de menores, emergem nos secos desertos dos arredores de Yinchuan, capital regional, onde há mil anos existiu o reino Xia do Oeste e onde hoje convivem muçulmanos da etnia Hui e chineses da maioria Han.
As pirâmides foram descobertas no final dos anos 70, durante as obras de construção de um aeroporto, e sempre são sobrevoadas por aviões militares chineses que decolam e fazem manobras aéreas a partir de uma base próxima.
Visitadas por milhares de turistas, as pirâmides de argila não são muito espetaculares e a distância entre umas e outras faz com que seja difícil admirá-las, mas integram a história chinesa e permitem aos habitantes do país afirmar com orgulho que eles também, como os astecas, maias e egípcios, construíram monumentos piramidais.
O subdiretor do organismo encarregado da conservação das pirâmides, Dai Wenzhen, lançou em 2006 um manifesto de alarme, assegurando que a maior das pirâmides dos reis, de cerca de 15 metros de altura, tinha uma rachadura de um metro de largura e dois de profundidade.
Isso podia fazer com que ela ruísse, para não falar das tumbas menores, destinadas a consortes e nobres, que nunca foram restauradas e estão em péssimo estado, devido à erosão causada pela chuva e pelo vento do deserto.
Os monumentos do reino Xia estão numa região semidesértica, próxima dos grandes desertos mongóis. Embora a proximidade do rio Amarelo (Huang He) e das montanhas Helan permita que uma barreira natural seja formada, isso não impede que todos os anos uma tempestade de areia assole o local.
O diretor do museu, Shi Peiyi, afirmou no domingo (27), que um ano depois do manifesto foi possível reduzir o risco de desmoronamento oferecido pela rachadura, mas reconheceu que os problemas causados pela erosão continuam.
Shi relatou que em 2000 o governo do então primeiro-ministro Zhu Rongji destinou uma ajuda de 1 milhão de euros para a conservação das pirâmides, o que permitiu recobri-la com uma substância química que as protege um pouco mais da erosão.
No interior das pirâmides, mais conservado, estão as tumbas dos reis Xia, mas há séculos seus corpos foram profanados e roubados, conta o diretor do museu, provavelmente por seus inimigos mongóis, que destruíram o reino no ano 1227.
O “grande reino de Xia”, como é citado em alguns textos, foi fundado em 1038 por Weiming Yuhao, um líder das tribos tunguts a quem o império chinês (então sob a dinastia Song) reconheceu como monarca, provavelmente para garantir que teria um reino aliado nas sempre difíceis fronteiras do oeste e do norte.
Os Xia, dotados com leis e um sistema de escrita próprio (similares aos da China) e um forte e sanguinário Exército, criaram um Estado que sobreviveu 190 anos às investidas de povos como os mongóis. Foram eles que, de fato, mataram Gengis Khan com setas envenenadas.
Contam que Khan, o líder mongol que uniu seu povo para criar um dos maiores impérios da história, pediu em seu leito de morte que o reino Xia fosse completamente destruído. Seu desejo foi atendido, restando apenas as pirâmides de Yinchuan como lembrança desse momento da história.
Outras pirâmides – As da região de Ningxia são as mais famosas, mas não são as únicas pirâmides chinesas.
Em 2006, um grupo de arqueólogos descobriu sete delas com 3 mil anos de história, a milhares de quilômetros de Ningxia, na província chinesa de Jilin.
Essas pirâmides, das quais sobrou apenas a base, foram descobertas numa área montanhosa da região – próximo à Coréia do Norte – abrigavam esquifes de pedra e aparentemente pertenceram à cultura de Xituanshan.
Por outro lado, o primeiro imperador da China, Qin Shihuang, que mandou construir o célebre Exército de Terracota, jaz no fundo de um túmulo com estrutura piramidal, nos arredores de Xian, mas os arqueólogos não entram na cripta imperial por medo de causar danos irreparáveis. (Efe/ Estadão Online)