“Os novos dados mostram que, com um entorno ambiental mais seguro, a cada ano poderiam ser evitadas 13 milhões de mortes no planeta”, disse a OMS na apresentação do primeiro relatório que avalia o impacto ambiental sobre a saúde em todos os países do mundo.
O documento analisa riscos para a saúde relacionados com o meio ambiente, como o mau estado de água, a poluição nos meios urbanos e a existência de transmissores de doenças como a malária.
Além disso, “usar energias limpas como gás natural e a eletricidade, melhores aparelhos de cozinha, melhorar a ventilação e alterar comportamentos, como afastar as crianças das fumaças, podem ter um impacto sobre as infecções respiratórias e outras doenças infantis”.
As estimativas realizadas mostram “tremendas desigualdades, mas também que em todos os países a saúde pode ser melhorada com uma redução de riscos, como os relacionados ao meio ambiente, à radiação ultravioleta, ao barulho, e os ligados à agricultura e à mudança climática”, entre outros.
Os analistas da OMS indicaram que “em alguns países mais de um terço das doenças poderia ser evitado com melhoras ambientais”, ao tempo que apontam que os mais afetados por estes riscos são Angola, Burkina Fasso, Mali e Afeganistão.
Mortes – Em 23 países, 10% das mortes registradas na população se relacionam ao consumo de água em mau estado, péssimas condições sanitárias e de higiene, assim como a poluição atmosférica pelo uso de combustíveis sólidos para cozinhar.
“As principais vítimas são as crianças menores de cinco anos”, indica o documento, ressaltando que 74% das mortes que afetam esta faixa etária ocorrem devido a diarréias e infecções respiratórias.
O documento acrescenta que os países com menores rendas são os que registram mais fatores ambientais que incidem sobre a saúde, perdendo “até vinte vezes mais anos de vida em boa saúde por pessoa que nos países com renda elevada”.
No entanto, nenhum país, nem sequer os que têm melhores condições ambientais, são imunes ao impacto ambiental sobre a saúde, e assim, nessas nações, “pelo menos uma em cada seis mortes poderia ser prevenida”, sobretudo as relacionadas com doenças cardiovasculares e acidentes de trânsito.
“Estas estimativas são um primeiro passo para que os responsáveis nacionais de saúde e meio ambiente possam determinar ações preventivas prioritárias”, afirmou em entrevista coletiva em Genebra a subdiretora geral para Desenvolvimento Sustentável da OMS, Susanne Weber-Mosdorf.
Mais medidas ambientais orientadas a prevenir o impacto sobre a saúde poderiam evitar 24% das mortes e novos casos de doentes devidos a estes riscos na Bolívia e 22% na Guatemala e Nicarágua.
Em países como Equador, Honduras e Peru, os riscos caem para 20%, no Brasil são de 19%, seguido por Paraguai e El Salvador (18%), Venezuela, Panamá, México, Colômbia e República Dominicana (17%), Costa Rica, Cuba e Uruguai (16%) e Chile (15%).
O coordenador da OMS, Carlos Corvalan, alertou que estas doenças e mortes se intensificarão com a mudança climática nos próximos anos, sobretudo entre os mais desfavorecidos, se nada for feito.
Corvalan lembrou que em todo o mundo um quarto das doenças ocorre por causas ambientais. “Por isso, podemos fazer algo para diminuir as taxas de mortalidade eliminando fatores de risco e promovendo ambientes saudáveis”, disse.
“Nenhum país está isento do risco ambiental, e todos devem fazer algo para melhorar as condições”, acrescentou. (Estadão Online)