Especialistas trabalham contra o tempo para salvar a história enterrada nos sambaquis, grandes depósitos de conchas deixados pelos antigos habitantes da região. “Santa Catarina tem a maior quantidade de sítios arqueológicos deste tipo no país”, afirma o arqueólogo Marco Aurélio de Massi.
Artefatos, como machados de pedra polida e pesos para redes de pesca primitivas, vão surgindo dos montes de conchas. Em um cemitério pré-histórico, considerado o sítio arqueológico mais importante, foram descobertos 44 esqueletos.
A área não é grande. Tem apenas 300 metros quadrados. Mas, escavando o local, os arqueólogos conseguiram voltar 5 mil anos no tempo. Da superfície até a profundidade de um 1,7 metro, eles encontraram vestígios de três culturas que contam toda a pré-história do Litoral Sul do Brasil.
Ossadas e cerâmica – Na superfície, foi localizada cerâmica Guarani do ano 1100. A 70 centímetros de profundidade estavam 38 ossadas de índios Itararés, do ano 800. E, no fundo da escavação, a descoberta mais impressionante: seis esqueletos de um povo desconhecido, que viveu aqui cinco séculos antes da construção das pirâmides do Egito. “Nós não sabemos a que grupo étnico estão relacionados, mas as análises de DNA podem trazer esta informação”, diz Massi.
Segundo os arqueólogos, esse povo tinha rituais funerários elaborados. Eles pintavam os mortos com um pó vermelho e cobriam os corpos de mulheres e crianças com mantos de conchas.
Pelo acordo firmado com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, os arqueólogos têm mais sete meses para concluir os trabalhos, antes que a estrada seja totalmente duplicada. (Globo Online)