A Superintendência da Polícia Federal em Roraima deu início nesta segunda-feira (16) ao inquérito policial que vai investigar a denúncia feita na última quinta-feira (12) pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) sobre uma operação de guerra que estaria sendo preparada para retirar os não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, no norte do estado. O senador disse ter recebido um documento de um dos policiais da representação do órgão em Roraima.
“Agora vamos iniciar um inquérito policial para checar tudo. Vamos ouvir o senador Mozarildo e investigar quem foi que entregou esse documento, como o policial tomou conhecimento disso e de onde partiu essa história que foi encaminhada ao senado federal”, informou o superintendente da PF em Boa Vista, Cláudio Lima.
De acordo com o senador Mozarildo Cavalcanti, o documento apresenta detalhes de uma operação que a Polícia Federal de Roraima estaria preparando para realizar num período de 40 dias, prazo necessário, segundo o documento, para retirar da terra indígena os remanescentes não-índios. Pelo decreto federal que homologou a reserva indígena em 2005, os não-índios que habitavam a região deveriam ter se mudado.
Segundo o coordenador executivo do Comitê Gestor da Presidência da República, José Najib Lima, na área de 1.747.464 hectares ainda há pelo menos 50 famílias de não-índios, cerca de 300 pessoas.
“Não existe nenhum plano da Polícia Federal. O que existe é um plano, desde abril 2005, do governo federal, por meio do Comitê Gestor, para retirada das famílias não-indígenas, mas respeitando o reassentamento delas e prevendo a implementação de políticas públicas mais eficientes para todos”, disse Najib.
Desde 2005, por meio de decreto do presidente da República, a região da Raposa Serra do Sol é considerada como reserva indígena. Pelo menos 18.700 representantes das etnias Macuxi, Wapixana, Ingarikó, Taurepang e Patamona vivem no local.
Durante discurso feito no Senado, Cavalcanti manifestou preocupação com a atual situação na reserva Raposa Serra do Sol e pediu ao presidente Lula maior atenção ao local e a intervenção para impedimento desta suposta operação. O nome do policial federal responsável pela entrega do documento não foi revelado. (Agência Brasil)