Pedro Alonso, pesquisador do Cresib, disse na segunda-feira (16) que a malária pode ser causada por dois tipos do parasita Plasmodium: o falciparum, mais comum, existente na África e que mata cerca de três milhões de pessoas por ano; e o vivax, um “grande desconhecido” que afeta entre 70 e 80 milhões de pessoas.
Segundo Alonso, o vivax não era considerado letal até que, há pouco tempo, foram confirmadas várias mortes na Índia.
A pesquisa tem orçamento de cerca de US$ 5,8 milhões (aproximadamente R$ 10,8 milhões) fornecidos pela fundação privada Cellex e pretende conhecer melhor os mecanismos e a caracterização da doença. O objetivo é produzir uma vacina no futuro.
Estima-se que cerca de 2,6 bilhões de pessoas vivam em zonas de risco do Plasmodium vivax no centro e no sul da América, na Ásia, no Oriente Médio e no Pacífico Ocidental.
De acordo com Alonso, esta manifestação específica da doença tem tantas características que poderia ganhar outro nome que dê mais visibilidade e não a deixe ofuscada como uma categoria da malária.
Pedro Alonso insistiu que, apesar da enorme incidência, a malária por vivax é pouco estudada e ficou esquecida durante muito tempo, o que torna a pesquisa especialmente importante.
O cientista espanhol afirmou que os principais centros de pesquisadores do mundo participam do projeto, como os de Manaus, de Papua Nova Guiné, de Nova Déli e o Centro Internacional de Vacinas, com sede em Cali, na Colômbia.
Hernando del Portillo afirmou que, embora os dois tipos de Plasmodium tenham características muito parecidas, o vivax pode passar pelo baço sem ser destruído e se manter latente no fígado durante meses ou anos, assintomático, até atacar de novo. Já o falciparum não passa pelo baço para evitar ser destruído.
A estratégia para não sofrer o ataque pelo baço será o ponto inicial da pesquisa, assim como o estudo das causas que permitem ao protozoário sobreviver no fígado.
As recentes descobertas da seqüência do genoma do vivax terão muita importância nos trabalhos, pois permitirão comprovar quais os genes que se manifestam nos casos em que o paciente morre e se tem relação com o outro tipo de malária. Segundo Portillo, nos casos de morte houve ocorrência de infecções mistas. (Folha Online)