Morte de ursa revive debate sobre projeto para a espécie na França

A morte de uma ursa, atropelada nesta quinta-feira (09) por um carro na região dos Pirineus, na França, relançou uma polêmica no país entre opositores e partidários do projeto ambiental do governo de reintroduzir na natureza o animal, praticamente extinto no sudoeste do país.

Franska, como era chamada a ursa eslovena, “importada” pelo governo francês em abril do ano passado com quatro outros ursos, havia se tornado o símbolo do descontentamento dos pecuaristas na região dos Altos Pirineus.

Segundo eles, a ursa atacava regularmente seus rebanhos e já teria matado 150 ovelhas.

“A morte de Franska é uma imensa satisfação e um grande alívio para os produtores da região. As atividades humanas são incompatíveis com a presença do urso”, disse Marie-Lise Broueilh, presidente da Associação para a Proteção do Patrimônio dos Altos Pirineus, que representa os pecuaristas. “O assunto agora está encerrado”, completou.

Mas para a prefeita de Arbas, uma das localidades ligadas ao projeto e presidente da Associação País dos Ursos, “é indispensável” substituir os ursos mortos por novos animais.

O ministério francês confirmou que Franska foi morta acidentalmente por um carro na estrada a 5 km do santuário de Lourdes, onde a ursa já havia sido vista várias vezes.

As circunstâncias do acidente ainda não foram reveladas.

Em julho passado, após uma reunião com opositores à presença da ursa, o governo havia rejeitado um pedido para capturar o animal.

Desde que havia chegado ao país, Franska foi inúmeras vezes destaque na imprensa francesa, já que o projeto de introdução de ursos na região havia provocado grandes protestos da parte dos pecuaristas e dos agricultores.

Na época, as autoridades ambientais foram obrigadas a organizar uma “operação secreta” para soltar Franska na mata, longe das câmeras de TVs e dos militantes antiursos.

O governo agiu dessa forma para evitar as passeatas que haviam atrapalhado, três dias antes, a introdução de Palouma, outra ursa eslovena, que morreu em um acidente poucos meses depois de ser solta na mata.

Até mesmo a idade da ursa Franska se transformou em polêmica no país. Um jornal satírico revelou que ela tinha 17 anos e não sete, como haviam afirmado as autoridades eslovenas.

Os opositores do projeto se serviram da informação para argumentar que a ursa não realizaria o objetivo do governo, que é aumentar a população de ursos na região.

Especialistas internacionais vieram à França para definir a idade do animal, que tinha realmente 17 anos. Mas, na época, eles disseram que a fêmea ainda teria condições de se reproduzir.

Com a chegada dos ursos eslovenos, existem hoje cerca de 20 desses animais na região dos Pirineus. Há um século, eles eram várias centenas nessa área. (Estadão Online)