Turcos rezam por chuva em meio a grande seca em Ancara

Com os braços erguidos, fiéis rezaram para pedir chuva nesta sexta-feira (10), em mesquitas da capital da Turquia, que sofre com seca e uma grave escassez de água.

Níveis excepcionalmente baixos de chuva e neve no último inverno, combinados com temperaturas elevadas no verão, fizeram encolher os reservatórios de água da Ancara, cidade de cerca de 4 milhões de habitantes, deixando apenas o suficiente para mais três meses, de acordo com o chefe da autoridade estatal de saneamento, Hayday Kocaker.

Ao mesmo tempo em que as autoridades recebem críticas, os turcos de voltam para Deus em busca de solução.

“Estamos diante de ti e imploramos que respondas a nossas preces”, disse o imã da mesquita Hacibayram, uma das mais antigas da cidade, Fikret Latifoglu, ao conduzir uma oração especial pedindo chuva antes das preces tradicionais de sexta-feira.

Suas palavras foram transmitidas por alto-falantes aos fiéis que lotavam o pátio da mesquita.

“Não deixes as crianças inocentes e os velhos, animais que não podem falar, as árvores, as formigas e os pássaros sem água. Desamparados, imploramos por Tua misericórdia”, disse ele.

Preces semelhantes foram proferidas em cerca de 750 outras mesquitas da cidade, com os fiéis mantendo as palmas das mãos voltadas para o solo – em vez de para Deus, como nas orações tradicionais – para simbolizar a chuva caindo.

Numa tentativa de fazer os estoques durarem mais, as autoridades municipais passaram, no início do mês, a fornecer água para as residências apenas em intervalos de dois dias. Mas a súbita retomada da pressão na reabertura das linhas fez explodir dois dutos principais, deixando moradores cinco dias sem água.

A cidade sofreu três grandes secas nos últimos 50 anos, disse Kocaker. “Mas com a irrigação agrícola, o aumento da população e o aumento na quantidade de água que as pessoas usam, bem como o aquecimento global, a mudança climática e o período sem chuvas, estamos experimentando esta situação extraordinária”, afirma. (Estadão Online)