Pesquisa do World Weather Attribution estima que grandes secas como a desse verão no hemisfério norte podem ocorrer a cada 20 anos. Sem o aquecimento global, elas seriam esperadas a cada 60 a 80 anos.
Grandes secas como a que atingiu a Europa neste verão no hemisfério norte podem se tornar cada vez mais frequentes, segundo alertas de pesquisadores da iniciativa World Weather Attribution.
Situações extremas comparáveis podem ser esperadas a cada 20 anos como resultado das mudanças climáticas – mesmo que a Terra não continue aquecendo.
Para o estudo, os especialistas compararam, entre outras coisas, dados climáticos da era pré-industrial com os de hoje. Na Europa Ocidental e Central, as secas tornaram-se pelo menos três a quatro vezes mais prováveis após cerca de 1,2 °C de aquecimento global causado pelo homem. Sem um aumento da temperatura, uma seca como a deste ano na Europa só seria esperada a cada 60 a 80 anos.
Estimativa conservadora
Os pesquisadores observaram particularmente o solo em junho, julho e agosto deste ano, sobretudo o primeiro metro abaixo da superfície, que é importante para o abastecimento de água das plantas. Se ele secar, os especialistas falam de uma seca agrícola e ecológica.
No entanto, os cientistas apontam que, apesar dos enormes avanços nas pesquisas, é difícil medir exatamente qual a contribuição do aquecimento global para um único evento de seca. Isso também se deve ao fato de que a secura do solo é mais difícil de medir e calcular do que temperaturas e precipitação, por exemplo. Portanto, os resultados do estudo são extremamente conservadores. Segundo os pesquisadores, a influência real das mudanças climáticas provocadas pelo homem pode ser ainda maior.
“Temos que parar de queimar combustíveis fósseis se quisermos estabilizar o clima e evitar o agravamento desses eventos de seca”, afirma Sonia Seneviratne, pesquisadora do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique e uma das autoras do estudo.
A cada aumento do aquecimento global, as secas se tornariam mais frequentes e mais intensas.
O presidente da Academia Nacional de Ciências Leopoldina (Alemanha), Gerald Haug, pediu que energias renováveis seja adotadas de forma mais rápida, assim como a eliminação do carvão.
“Temos que investir massivamente em energias renováveis. Isso está muito lento”, disse o pesquisador.
Tendo em vista a guerra na Ucrânia, Haug explica que, apesar da demanda atual, o carvão teria que ser evitado no médio prazo. “Para nossos objetivos climáticos, é importante realmente eliminar o carvão até 2030. Para isso, precisamos de muito mais energias renováveis, mas também mais usinas de gás e hidrogênio”.
Fonte: Deutsche Welle