Caravana contra transposição do São Francisco pede que governo ouça ribeirinhos

Depois de passar por Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a Caravana em Defesa do Rio São Francisco e contra a Transposição chegou a Brasília (DF), onde pretende apresentar e discutir com os parlamentares da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados dados que, segundo membros do grupo, inviabilizam a obra de transposição.

De acordo com o coordenador do movimento, Apolo Heringer, o objetivo é abrir discussões e impedir que o governo federal comece as obras sem escutar as pessoas que tiram seu sustento das águas do rio. “O governo tem que fazer um plebiscito na Bacia do São Francisco. Ele não pode iniciar as obras contrariando a opinião de quem será prejudicado”, afirmou Heringer.

O representante dos pescadores da Bacia do São Francisco, Antônio Gomes dos Santos, disse que não existe nenhum pescador da região que seja a favor da obra: “Não tem nenhum que esteja pelo menos em dúvida. Precisamos de um rio forte e navegável. Os peixes vão sumir e nosso sustento também.”

Apolo Heringer explicou que o projeto de transposição vai retirar 127 mil litros de água da Bacia do São Francisco e, em um ano, o volume vai corresponder a mais que todo o consumo atual da população da bacia do rio. “Será o golpe final no Velho Chico, que já está moribundo.”

Heringer informou que projetos mais baratos e eficazes, como o de reaproveitamento da água da chuva, vão ser apresentados pelo grupo em Brasília. Segundo ele, além de danos ambientais, a obra trará problemas políticos, sociais e econômicos. “As empreiteiras não têm escrúpulos, querem é ganhar dinheiro. Vai ter muita corrupção e desvio de dinheiro”, ressaltou.

O coordenador da caravana apontou também entre os problemas da transposição o dinheiro que será gasto na obra. Em 2000, o governo previu, no Relatório de Impacto Ambiental (Rima), gasto de R$ 2,7 bilhões. De acordo com Heringer, o vice-presidente da República estimou em R$ 20 bilhões – esse valor inclui despesas adicionais que serão responsabilidade dos governos estaduais (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco) para levar água à população que vive nas laterais de onde ficarão os canais.

Entre os 14 membros da caravana, estão professores, pescadores e indígenas. A mobilização começou no dia 19 deste mês e se estenderá até 1º de setembro. São Paulo, Natal e Fortaleza serão as próximas capitais visitadas. (Agência Brasil)