Entidades de representação de trabalhadores rurais, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), estão articulando estratégias para informar produtores, intermediar a negociação com os bancos e garantir o acesso aos descontos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), autorizados na última semana Conselho Monetário Nacional.
“Participamos da negociação com o governo junto com os movimentos sociais e esperamos que os bancos, a partir do decreto, viabilizem os procedimentos automáticos para informar o agricultor sobre as possibilidades de rebate e renegociação”, informou o secretário de Política Agrícola da Contag, Antoninho Rovaris.
Na região Sul, a Fetraf começou a realizar plenárias e a enviar cópias do decreto para os produtores. O coordenador da entidade em Santa Catarina, Daniel Kothe, estima que o Sul do país deva concentrar boa parte dos beneficiários – 600 mil, segundo dados do governo – por causa dos problemas de estiagem dos últimos anos, que inviabilizaram a produção e levaram muitos agricultores ao endividamento.
“O agricultor pegou o financiamento em 2003, não conseguiu pagar e foi renegociando, alongando a dívida até agora. No entanto, ele não consegue quitar, ficou endividado”.
Depois de duas safras de prejuízo por causa das condições climáticas e da queda dos preços de venda do leite e do fumo, o agricultor José Lourenço Kneip, do município de São Lourenço do Sul (RS) deixou de pagar as parcelas do financiamento do Pronaf .
“Fiz das tripas coração, tive que vender uma coisinha aqui, outra ali para conseguir saldar um das dívidas e a outra eu renegociei”.
Kneip pretende procurar os banco nos próximos dias para se informar sobre os percentuais de desconto. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a operação só vai estar disponível no final de setembro.
Com uma dívida de R$ 7 mil, o agricultor avalia que o abatimento será uma forma de estimular a continuidade da adesão aos financiamentos.
“Não é o suficiente pela perda que a gente teve, mas é um estímulo para a gente seguir trabalhando com o Pronaf e seguir na agricultura também, porque é o que a gente sabe fazer”.
José Lourenço Kothe considera importante que os agricultores se orientem muito bem sobre a medida, “porque é um recurso significativo que vai ficar no bolso e garantir a subsistência no próximo período”.
(Fonte: Luana Lourenço / Agência Brasil)