A base, construída com metal, materiais compostos e madeira, será transportada para a Antártida em um barco em novembro próximo e instalada no leste do continente branco, a cerca de 4.200 km da costa da África do Sul – em uma área entre a estação japonesa Syowa e a russa Novolazarevskaya.
Para verificar que todos os elementos funcionem perfeitamente e preparar a equipe que viajará para a Antártida durante o próximo verão no hemisfério sul, a base foi montada em cinco semanas nos antigos depósitos da alfândega belga em Bruxelas, onde o público poderá visitá-la de quinta-feira (06) a domingo (09).
Testemunha do derretimento das geleiras durante suas expedições, Alain Hubert considera ser necessário divulgar na mídia as conseqüências previsíveis do aquecimento global para criar uma dinâmica que permita “evitar a catástrofe”.
“É a primeira vez que a humanidade se vê frente a um problema de escala planetária, que precisa de uma perfeita compreensão de suas causas e que nos obrigará a encontrar soluções inéditas”, afirmou Hubert.
Levando-se em conta essa situação, o explorador concebeu a estação científica 100% ecológica, de “emissão zero” em termos de gases causadores do efeito estufa. Para cumprir esse objetivo, a base obterá sua energia de painéis solares térmicos, seis aerogeradores e painéis de células fotovoltaicas. Além disso, a água será reciclada e os dejetos sólidos serão retirados a cada dois anos.
O trabalho da estação faz parte de um plano internacional científico do qual participam outros países, incluindo o Brasil, como parte do Ano Internacional Polar, que é celebrado em 2007-2008.
Funcionamento – De acordo com o projeto, a base Princesa Elisabeth entrará em operação apenas durante o verão do hemisfério sul, ocupada por um máximo de 20 cientistas durante quatro meses por ano, de novembro a fevereiro.
O local no qual será instalada, escolhido durante três viagens preliminares, oferece diversas possibilidades de pesquisa, ressaltou o responsável científico pelo projeto, Gauthier Chapelle.
“A base servirá de estação meteorológica. Os geólogos poderão explorar a cadeia montanhosa localizada muito próximo do local da instalação. Também há um pequeno lago de água doce habitado por microorganismos para os biólogos e será possível estudar as geleiras”, indicou.
O custo de sua construção, cerca de 6,4 milhões de euros, foi financiado pelo governo belga, por fundos privados e patrocinadores por meio da Fundação Polar Internacional, com sede em Bruxelas.
O governo belga se comprometeu a desembolsar 3 milhões de euros (US$ 4 milhões), por meio da Secretaria Federal de Política Científica, para a manutenção da base e de seu programa de pesquisa.
História – A relação dos belgas com a Antártida remonta a 1897, quando um grupo de exploradores partiu a bordo do Bélgica em uma viagem exclusivamente com fins científicos.
Em novembro de 1957, em pleno Ano Geofísico Internacional, a Bélgica retornou ao continente branco para instalar sua própria base, a estação Rei Balduíno.
Dois anos depois, em 1959, o país europeu foi um dos 12 signatários do Tratado Antártico que preserva esse continente unicamente para atividades pacíficas.
No entanto, desde 1967, quando a estação Rei Balduíno foi abandonada e fechada após ter ficado enterrada sob vários metros de neve, a Bélgica não tem presença no território antártico. (Folha Online)