Pesquisador batiza novo peixe-boi anão

O ecólogo holandês naturalizado brasileiro Marc van Roosmalen, que já descobriu uma série de novas espécies de mamíferos amazônicos, acaba de publicar em seu site (http://marcvanroosmalen.org) uma descrição formal de mais uma delas: um peixe-boi-anão, com apenas 1,30 m de comprimento, que habita as águas claras do rio Arauazinho, no Amazonas.

O pequeno mamífero aquático ganhou o nome científico de Trichechus bernhardi, embora os moradores da região onde ele vive prefiram simplesmente o apelido de “pretinho”. Roosmalen estudou o bicho em parceria com dois colegas holandeses, Pim van Hooft, da Universidade de Wageningen, e Hans de Iongh, da Universidade de Leiden.

O nome da espécie, bernhardi, é uma homenagem ao príncipe Bernhard dos Países Baixos, um grande patrono do movimento ambientalista. Roosmalen já tinha homenageado o príncipe holandês ao descrever uma espécie de macaco (o sauá Callicebus bernhardi) e dar também a ela o nome do nobre europeu.

O Arauazinho, habitat do peixe-boi-anão, é um afluente de 120 km de extensão do rio Aripuanã, um dos mais importantes da região. Embora geneticamente muito parecido com o peixe-boi-comum (Trichechus inunguis), o bichinho apresenta grandes diferenças físicas e ecológicas em relação a seu parente grandalhão.

Ele habita águas muito claras, tem pele totalmente negra com um detalhe esbranquiçado na barriga, possui nadadeiras curtas e se alimenta de plantinhas que crescem no leito do rio. Duas delas, a Cabomba e a Eleocharis, são muito populares em aquários domésticos. O peixe-boi-comum tem pele mais clara, prefere águas barrentas com visibilidade quase nula e se alimenta de plantas flutuantes. A maior diferença é, claro, o tamanho: o macho adulto do T. bernhardi tem entre metade e um terço do tamanho dos peixes-bois-comuns maduros.

O trio de pesquisadores especula que o bicho pode ter virado anão ao ficar isolado de seus primos no pequeno rio Arauazinho. Grupos da espécie só foram identificados nesse curso d’água até agora, o que sugere, segundo Roosmalen e seus colegas, que o animal pode correr sério risco de extinção devido à população reduzida.

Roosmalen diz que outras espécies de grandes mamíferos amazônicos foram descobertas por ele e serão descritas em breve. O pesquisador teve problemas recentes com a Justiça brasileira, tendo sido condenado por biopirataria e peculato (malversação de recursos públicos). A comunidade científica o defendeu das acusações, e agora ele está apelando da decisão judicial em liberdade. (Globo Online)