Ao mesmo tempo, as ONGs também aproveitam o encontro para fazer campanhas criativas e irreverentes em Bali. O “urso polar” do Greenpeace percorre todos os dias os corredores do centro de convenções para alertar sobre o degelo das regiões glaciais.
O Greenpeace também instalou um termômetro de seis metros de altura que lembra os participantes do encontro sobre a obrigação de chegar a um consenso para evitar que a temperatura continue subindo.
A ONG Avaaz decidiu levar um pouco de ironia e entregar o prêmio “Fóssil do Dia” à delegação do país que fizer a pior proposta na conferência.
Na terça-feira (04) o prêmio foi dado ao Japão, por propor que se avance além de Kyoto sem mencionar limites de emissões, considerada “o coração” do protocolo pela ONG.
Propostas – Entre as propostas apresentadas nesta quarta-feira (05), a ONG GCAP (Campanha Global contra a Pobreza, na sigla em inglês) defendeu um compromisso global para reduzir as emissões em pelo menos 80% sobre os níveis de 1990 até o ano 2050.
O objetivo é ambicioso, considerando que a proposta mais ousada até agora partiu da UE (União Européia), que propôs reduzir suas emissões em 30%.
O porta-voz da GCAP, Ben Margolis, advertiu que não se pode resolver a questão ambiental sem enfrentar o problema da pobreza. Ele denunciou que o aquecimento do planeta está ampliando a distância que separa ricos de pobres, segundo informa a agência de notícias indonésia “Antara”.
A conservação da diversidade também foi tema do discurso de ONGs, que advertem sobre o perigo de desaparecimento de algumas ilhas causadas pela elevação do nível do mar e para os danos que o desmatamento causa no mundo todo.
Na terça-feira, o Greenpeace já havia levado sua proposta para combater o desmatamento. A ONG pede que seja criado um fundo de US$ 14 bilhões para preservar florestas tropicais.
Objetivos – Em artigo publicado pelo jornal “Washington Post”, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, diz que a intenção do encontro em Bali é definir uma agenda de negociações para, em dois anos, estabelecer novas coordenados para combater as alterações climáticas.
A preocupação se deve pelo fato de que o atual acordo internacional sobre emissões de gases do efeito estufa –o Protocolo de Kyoto– vence em 2012.
Ele cita o mais recente relatório publicado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês), que apontou impactos “irreversíveis” da mudança climática para lembrar que os cientistas fizeram sua parte e que, em Bali, é a vez dos políticos fazerem a deles.
Novo acordo – Entre as questões que devem ser negociados durante a conferência em Bali está o financiamento de mecanismos de “adaptação” que ajudem os países não desenvolvidos a enfrentar as conseqüências da mudança climática.
Para Stéphanie Long, coordenadora da Amigos da Terra Internacional, os países ricos devem pagar aos pobres pelos prejuízos causados pela mudança climática e é obrigação deles apoiar as comunidades mais vulneráveis.
O Walhi, fórum indonésio do meio ambiente, pediu que se exclua o que eles chamam de “corretores do carbono” das negociações de Bali.
Segundo a Walhi, as empresas e organismos que administram e participam do mercado internacional do carbono –em que países industrializados compram direitos de emissão dos menos desenvolvidos– não devem participar de Bali já que “pensam exclusivamente no negócio das florestas”.
A Walhi pede reduções de 40% nas emissões dos países industrializados que ratificaram Kyoto e exige da comunidade internacional que pressione os Estados Unidos para que se comprometam a reduzir as suas. (Folha Online)