“Acho que a situação é boa. O clima na conferência do clima é bom, de que teremos sucesso no final”, disse o ministro do Meio Ambiente alemão, Sigmar Gabriel.
“Todas as partes estão dispostas a serem flexíveis, a buscarem um consenso”, disse ele. Até quinta-feira, a Europa insistia que a reunião de Bali estabelecesse diretrizes para cortes nos gases do efeito estufa até 2020, contrariando a resistência dos EUA à adoção de metas.
A proposta que parece ter permitido que as partes se aproximassem de um acordo sugere que as metas sejam fixadas explicitamente para 2050, deixando a meta intermediária de 2020 “implícita” nesse contexto.
O objetivo desta conferência, iniciada no dia 3, é iniciar as negociações para um novo tratado que suceda ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
Kyoto obriga todas as nações industrializadas a reduzirem até 2008-12 suas emissões de carbono para 5 por cento abaixo dos níveis de 1990. Os EUA abandonaram o tratado alegando que ele traz prejuízos à sua economia, e Washington insiste que países como China e Índia também tenham metas a cumprir.
“Acho que está avançando muito, muito lentamente, mas está avançando bem”, observou Yvo de Boer, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU. Ele afirmou à Reuters que as negociações deverão se arrastar noite adentro, “bem além da sua hora de ir dormir”.
Em visita a Timor Leste depois de participar da conferência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, alertou para os riscos de fracasso em Bali. “Isso seria muito sério”, disse ele. “(Mas) acho que haverá um acordo.”
Ban deve voltar no sábado (15) de manhã a Bali para uma entrevista coletiva, segundo sua porta-voz Michelle Montas.
Em frente à conferência, ativistas fantasiados de ursos polares desfilaram, sob forte calor, carregando cartazes que diziam “salvem os humanos também”. Eles pediram aos delegados que se lembrem que os pobres do mundo já estão sentindo os efeitos do aquecimento.
Em um dos poucos avanços expressivos registrados na sexta-feira, a conferência definiu medidas contra a devastação de florestas, importantes depósitos de dióxido de carbono, principal dos gases do efeito estufa.
“O acordo sobre desmatamento tem um bom equilíbrio entre as visões de diferentes países e é um dos feitos substanciais desta conferência”, disse o comissário europeu Stavros Dimas.
Segundo ele, o acordo cria projetos-piloto contra o desmatamento. (Estadão Online)