A Funasa alega ter 60 profissionais “atuando em prol da saúde da população indígena”. No entanto, segundo o coordenador do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), Clóvis Marubo, há apenas 17 pessoas prestando atendimento e nem todos percorrem as aldeias.
“Como foi determinado pelo Conselho de Saúde Indígena, deveriam ter sido contratados 37 técnicos de enfermagem, 14 enfermeiras, quatro médicos, três odontólogos, dois bioquímicos”, enumera Marubo.
O coordenador regional da Funasa, Narciso Cardoso Barbosa, admite ter problemas para manter profissionais no Vale do Javari. “Existe uma dificuldade de fixar profissionais naquela região. Apesar de, por diversas vezes, ter tentado contratado médicos. Por causa do acesso, há poucos profissionais que queiram ir”, explica.
Barbosa anunciou que a Funasa pretende viabilizar o atendimento por meio de parcerias com as Forças Armadas e com a Universidade Federal do Amazonas.
Segundo a Funasa, não é possível estabelecer convênios para atendimento dos indígenas por meio do Civaja. Isso porque o conselho não concluiu a prestação de contas nem apresentou documentos de três convênios da autarquia com o conselho – total de R$ 7,2 milhões, repassados em 2001 e 2002.
A Funasa acrescenta que a invasão de 150 indígenas na coordenação regional do Amazonas, ocorrida entre 13 e 30 de novembro, acarretou atraso das atividades previstas nos dias finais do exercício orçamentário, quando se preparam os empenhos (autorizações de gastos) para a realização de compras de equipamentos e materiais, contratos e licitações de obras.
Desde 2002, a Funasa afirma ter investido R$ 25 milhões em saúde na região do Vale do Javari. Somente no ano passado, foram prestados mais de 11 mil atendimentos. A autarquia ainda informa que até o final deste semestre será concluída a construção dos pólos-base, conforme novo prazo estabelecido pelo Ministério Público Federal.
A Rádio Nacional da Amazônia não obteve retorno do contato com o Ministério Público Federal em Brasília, Manaus e Tabatinga. O prefeito Rosário Conte Galate Neto, de Atalaia do Norte (município onde vivem os índios), está em Manaus, mas não foi localizado por telefone. (Agência Brasil)