O ano mais quente já registrado continua sendo 1998.
“O aquecimento global não parou”, disse Amir Delju, coordenador-científico do programa climático da Organização Meteorológica Mundial.
O ano de 2007 esteve entre os seis mais quentes registrados desde meados do século 19, mas o Escritório Britânico de Meteorologia disse na semana passada que 2008 será o ano mais frio desde 2000, em parte por causa do fenômeno La Niña, que reduz a temperatura das águas no Pacífico.
“Estamos em um ligeiro período de La Niña, o que mostra um pequeno resfriamento do oceano Pacífico”, disse Delju à Reuters. “A década de 1998 a 2007 é a mais quente já registrada, e toda a tendência ainda continua.”
Na sexta-feira, nevou em Bagdá, algo inédito. Na Índia, uma onda de frio na virada do ano matou mais de 20 pessoas. Houve geadas em algumas áreas da Flórida na semana passada, mas os laranjais do Estado não foram afetados.
Os iraquianos viram a neve como um prenúncio de paz. “É a primeira vez que vemos neve em Bagdá”, disse Hassan Zahar, 60 anos. “Eu olhava nos rostos de todas as pessoas, e elas estavam estupefatas.”
Em 2007, parte do Hemisfério Norte teve um inverno excepcionalmente ameno, e chegou a faltar neve em estações alpinas de esqui.
Delju disse que a mudança climática, atribuída principalmente às emissões de dióxido de carbono por causa das atividades humanas, vai acarretar maiores oscilações climáticas, junto com uma tendência de aquecimento, o que significará mais ondas de calor, secas, inundações e elevação dos mares.
“A ocorrência mais frequente de eventos extremos em todo o mundo – inundações na Austrália, fortes nevascas no Oriente Médio – pode ser também sinal do aquecimento”, afirmou.
Em 2007, uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) qualificou o aquecimento de “inequívoco” e disse que as temperaturas médias do planeta subiram 0,74 graus no século 20, e que “na melhor das hipóteses” haverá aumento de 1,8 a 4 graus até 2100.
O ano mais quente já registrado foi 1998, seguido por 2005. No ano passado, a camada de gelo do Ártico atingiu a menor extensão já vista, em mais um sinal do progressivo aquecimento global. (Estadão Online)