Proibição do fumo em locais fechados diminui infartos na Itália

Um ano após a implantação da lei que proibiu o fumo em locais fechados caiu o número de infartos na Itália. A análise dos dados estatísticos englobou cinco anos antes da proibição e os comparou com os números de um ano após o banimento total do tabaco em locais públicos.

Em janeiro de 2005, a Itália pôs em pratica uma legislação que proibia completamente o fumo em locais públicos, como escritórios, lojas, restaurantes e bares. A lei prevê sanções pesadas contra os fumantes e os donos dos estabelecimentos comerciais flagrados desrespeitando a norma.

A pesquisa realizada por médicos da cidade de Roma mostrou que o banimento está tendo efeitos positivos e salvando vidas.

Para que os resultados fossem o mais isentos possíveis, os pesquisadores levaram em conta outros fatores que afetam a ocorrência de infartos. Os médicos já sabem que a temperatura ambiente, poluição e surtos de doenças infecciosas aumentam a incidência de problemas coronarianos nas populações.

Comparandos os números de 2000 a 2004, antes da lei, com os dados de 2005, foi possível constatar que: o número de infartos foi reduzido em 11% nas pessoas com idade entre 35 e 64 anos; a freqüência do tabagismo caiu 4% nos homens e 0,2% nas mulheres; as vendas de cigarros diminuiram 5,5% na Itália no mesmo período.

Algumas observações também puderam ser feitas: aA lei teve efeito nas populações mais jovens, porém o número de infartos nos idosos nao sofreu praticamente alteracao alguma; o número de mulheres fumantes também não foi significativamente alterado.

Um aspecto ambiental importante foi a constatação de que a concentração de partículas finas no ar dos ambientes fechados caiu de 119 ig/m3 para 43 ig/m3, um ano após a efetivação do banimento.

Todos esses argumentos devem servir para esclarecer as pessoas que ainda tentam defender a manutenção do fumo em locais fechados.

No Brasil, a legislação federal indica que se tolera o fumo em locais fechados com áreas específicas, com condições adequadas como ventilação e separação das áreas dos não-fumantes.

A prática mostra que essa medida não consegue ser efetiva, especialmente em estabelecimentos de diversão como danceterias e bares.

Alguns municípios já evoluiram na legislação e proibiram o fumo totalmente em locais fechados, ainda que a conscientização da sociedade nao seja unânime.

O ministro da Saúde prometeu em dezembro de 2007 lutar para que a proibição seja estabelecida como lei federal, portanto acabando com as diferenças regionais de abordagem.

Ao aplicarmos os resultados italianos ao número de casos de infarto no Brasil no período de janeiro a novembro de 2007, poderíamos evitar algo como 5 mil novos casos de infarto do miocárdio.

A pequisa italiana publicada na revista “Circulation”, da Associação Americana do Coração, se soma a resultados semelhantes da Irlanda e da Nova Zelândia, que também baniram completamente o fumo dos ambientes públicos. (Globo Online)