Concluída na quarta-feira (27), a varredura no município – apontado como o líder do ranking de derrubadas na Amazônia nos últimos cinco meses de 2007, segundo o Inpe – foi determinada pelo governador Blairo Maggi (PR), que contestou os dados do órgão no dia da divulgação.
Outras 47 equipes continuam verificando os dados em municípios do norte do Estado.
Em Peixoto de Azevedo, que também integra a lista dos 36 maiores devastadores da floresta, todos os pontos de possíveis desmates recentes também foram descartados.
Ao todo, 79 pontos foram verificados nos dois municípios. A maior parte das áreas, de acordo com a secretaria, havia sofrido queimadas. Outras já haviam sido contabilizadas como abertas em anos anteriores. E houve casos em que imagens da ação de uma praga de pastagens – a cigarrinha – foram interpretadas como sendo novas derrubadas.
“Essa foi a realidade em 100% dos pontos. Não encontramos nenhum desmate que tenha ocorrido no último trimestre”, disse o assessor técnico florestal da secretaria, Geraldo Ribatski. Segundo ele, o sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real) indica apenas mudanças na cobertura do solo.
“Se ocorre um incêndio na floresta, as folhas secam e caem. O satélite, que estava enxergando ali uma cobertura sempre verde, dá o alarme e nos diz que houve uma modificação qualquer. Isso não significa desmatamento”, afirmou.
Em 30 de janeiro deste ano, Marcelândia sediou um controvertido evento político de contestação aos dados do Inpe. Em um sobrevôo de duas horas, a convite do governador, uma comitiva de ministros liderada por Marina Silva (Meio Ambiente) percorreu alguns dos pontos indicados pelo órgão, que também enviou seus técnicos ao município.
No mesmo dia, o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), disse ter de 95% a 97% de segurança de que os dados estavam corretos. “Em ciência nunca há 100% de certeza”, considerou, para depois provocar: “É curioso que, quando o Inpe informava que o desmatamento estava caindo, ninguém questionava o dado”. (Folha Online)