O estudo analisou a incidência de quatro doenças hemorrágicas (febre amarela, dengue hemorrágica, Ebola e Marburg), entre 1980 e 2005. A primeira atinge a América do Sul, Central e África. Ebola e Marburg (doenças parecidas e com alta letalidade) são restritas ao continente africano. Já a dengue hemorrágica estende-se por praticamente toda a área tropical, incluindo países das Américas do Sul e Central, África e Ásia.
A conclusão é que não só a reemergência dessas doenças é cada vez maior, como também a possibilidade de surgir novas epidemias, ainda desconhecidas. “No Brasil ainda se morre de febre amarela e de dengue. Isso mostra que não estamos preparados para tratar outras possíveis doenças”, afirma o geógrafo Paulo Roberto Moraes, professor da PUC e autor da pesquisa, que se transformou em sua tese de doutorado.
O desmatamento pode contribuir para apressar o contato do homem com microrganismos que hoje estão em equilíbrio no meio ambiente. “Estamos sim à beira de uma grande epidemia na região e a natureza está dando mostras disso”, alerta Moraes. Na avaliação geral, o País – com mais de 540 mil km2 de área de floresta desmatada entre 1980 e 2000 – aparece à frente de nações como Nigéria, Serra Leoa, Vietnã, Bangladesh e Haiti.
Riscos – Para o epidemiologista da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Luciano Toledo, ainda que a possibilidade de o País enfrentar uma epidemia de Ebola ou Marburg seja nula, o surgimento de doenças agressivas não pode ser descartado. “O que mais preocupa são as doenças que não conhecemos, principalmente os arbovírus que circulam na região amazônica e que em algum momento podem atingir a população”, diz. (Fonte: O Estado de São Paulo)