Crescimento faz China sofrer com poluição marítima

Não é somente o ar na China que vem sofrendo com a poluição provocada pelo crescimento acelerado da economia do país. Segundo informou nesta segunda-feira (9) o jornal estatal China Daily, grande parte da costa marítima do país também está severamente afetada pela poluição.

De acordo com o jornal, nos últimos 50 anos aproximadamente 50% dos ecossistemas costeiros desapareceram por causa dos excessivos aterros nas zonas úmidas junto ao mar.

Nas últimas cinco décadas, cerca de 80% dos recifes de corais e manguezais simplesmente desapareceram, afirmou ao jornal Luan Weixin, professor de faculdade de Economia e Administração da Universidade Marítima de Dalian.

Um total de 145 mil quilômetros quadrados de águas rasas ao longo da costa da China está fora dos padrões de proteção ambiental aceitáveis, sendo que destes, 29 mil quilômetros quadrados foram considerados “severamente” poluídos, informou o diário.

A costa da China se estende por cerca de 18 mil quilômetros, e as áreas mais afetadas incluem o leste das baías de Liaoning, Bohai e Hangzhou, bem como as costas das grandes cidades litorâneas.

As águas dos estuários dos rios Amarelo, Yangtze e Zhujiang também estão comprometidas, segundo Luan.

Nitrogênio inorgânico e fosfato são os principais químicos poluentes encontrados na águas contaminadas, informou o especialista.

Crescimento econômico – O crescimento da economia marítima – atividades econômicas ligas ao mar, como transporte marítimo, pesca e aqüicultura – da China tem sido galopante, expandindo na média mais de 20% a cada ano desde a década de 1980.

Atualmente a produção total da economia marítima chinesa chega a 2,5 trilhão de yuans (cerca de US$ 359 bilhões), ou 266 vezes mais do que a produção total obtida em 1979, segundo dados do jornal.

“Por volta dos últimos 20 anos a economia marítima da China vem evoluindo num ritmo espantosamente rápido, e os recursos marinhos vêm sendo largamente explorados”, afirma Luan.

“Como resultado disso, a condição do meio ambiente das costas na China está se deteriorando e os ecossistemas do oceano foram seriamente danificados”, explica o professor.

Poluição do ar – A direta relação entre o desenvolvimento econômico e a destruição do meio-ambiente não é visível apenas no caso da poluição marinha, mas também na poluição do ar.

Para sustentar o ritmo de crescimento econômico acelerado nas últimas três décadas, a China precisou de muita energia.

Segundo dados de 2005 da AIE, a Agência Internacional de Energia da Organização das Nações Unidas, a China consome 2.322,72 TWh (Terawatt por hora) de energia termelétrica, dos quais 63,4% vêm da queima de carvão, que é uma fonte altamente poluente.

Em comparação, os Estados Unidos, por exemplo, consomem 4.046,60 TWh (Terawatt por hora), dos quais 23,8% são provenientes da queima de carvão e 40,8% de petróleo.

Estatísticas mais recentes, porém não oficiais, de diferentes consultorias internacionais, chegam a sugerir que entre 70% e 80% da energia chinesa vem do carvão.

Além de ser a maior exploradora de carvão do mundo, responsável por 46,2% da produção mundial em 2006, a China também é a consumidora número um.

E a queima de carvão é a maior fonte de produção de gás carbônico do planeta, responsável por 40,5% das emissões desse gás, que é um dos causadores do efeito estufa, segundo dados de 2005 da AIE.

Neste contexto, a China é responsável por 18,8% de todas as emissões mundiais.A poluição do ar custa US$ 25 bilhões de dólares a cada ano para a economia da China em gastos com saúde e perda de produtividade, de acordo com estimativas do Banco Mundial de 2004. (Fonte: Estadão Online)