Isso pode levar ao degelo do permafrost (solo permanentemente congelado), o que afetaria gravemente os ecossistemas e a infra-estrutura humana (especialmente poços e dutos de petróleo). Além disso, segundo os cientistas, haveria mais emissão de gases do efeito estufa na Rússia, no Alasca e no Canadá.
O estudo é particularmente pertinente devido ao degelo recorde do ano passado no oceano Ártico, quando a cobertura de gelo recuou para 30 por cento abaixo da média histórica. Para este ano, se prevê novamente um recorde de degelo, embora não se saiba se uma tendência está se consolidando.
“Nosso modelo climático sugere que a rápida perda de gelo não necessariamente é uma surpresa”, disse David Lawrence, do Centro Nacional para Pesquisas Atmosféricas dos EUA, um dos autores do estudo.
“Quando há certas condições no Ártico – gelo fino, muito gelo em seu primeiro ano (e não um gelo mais antigo e robusto) – há uma perda rápida e constante num período de cinco a dez anos”, explicou ele por telefone, do Colorado.
Em tais períodos de degelo acelerado, as temperaturas no outono nos litorais do Ártico na Rússia, no Alasca e no Canadá podem subir até 5 graus Celsius, segundo esse modelo climático. O outono é frequentemente a estação mais quente nessa região.
Entre agosto e outubro de 2007, em terras da região do Ártico ocidental tiveram uma temperatura excepcionalmente alta, mais de 2 graus Celsius acima da média registrada entre 1978-2006, o que levou à hipótese de uma correlação entre o encolhimento do gelo marinho e o aquecimento do interior.
Os cientistas descobriram que, quando o gelo se derrete rapidamente, as terras árticas se aquecem a um ritmo 3,5 vezes superior do que previam os modelos climáticos para o século 21. O aquecimento é maior ainda sobre o oceano, mas as simulações indicam que o fenômeno pode se propagar a até 1.500 quilômetros da costa, na direção do interior.
Em locais onde o permafrost já está ameaçado, como o centro do Alasca, um degelo rápido do mar pode levar a um degelo rápido também do solo.
De acordo com os cientistas, os efeitos disso já são evidentes em parte do Alasca. Ali, pedaços de solo desabam devido ao derretimento do gelo antes misturado à terra. Isso abre buracos em estradas, desestabiliza moradias e faz as árvores balançarem como se estivessem bêbadas.
A pesquisa será publicada na sexta-feira (13) na revista “Geophysical Research Letters”. (Fonte: G1)