Apesar de queda recorde no desmatamento, Minc disse que não há motivos para comemorar

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) disse nesta sexta-feira (29) que o governo “não tem o que comemorar” com a queda recorde de 68% no desmatamento da Amazônia em julho, em comparação ao mesmo período do ano passado. Minc disse que, apesar do índice de queda ser o maior registrado na história da pasta, o número total de áreas devastadas no norte do país precisa ser reduzido globalmente.

“Não dá para comemorar porque o desmatamento é muito grande. Foi uma queda recorde, mas insuficiente. Temos que investir com tudo no desenvolvimento sustentável”, afirmou.

Minc disse esperar que o índice total de desmatamento em 2008 supere os números do ano passado. A expectativa do ministro é que a área total desmatada no país seja da ordem de 12 mil km2 no final do ano. “Acredito que essa estimativa vai ser um pouco maior que a do ano passado, o que é inaceitável”, afirmou.

Em julho, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) identificou 323 km2 de áreas devastadas na Amazônia Legal. Em julho do ano passado, as áreas destruídas somavam 1.025 km2. Em relação a junho deste ano, o índice de queda no desmatamento foi de 62%, já que no mês passado foram identificados 870 km2 de áreas destruídas na floresta.

O ministro disse que um dos principais fatores para a queda foi o aumento da fiscalização do Ibama (Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) na região norte. O governo já arrecadou desde janeiro deste ano R$ 1,079 bilhão em multas aplicadas por irregularidades cometidas na Amazônia Legal. Ao longo de 2007, o valor total arrecadado foi de R$ 1,458 bilhão.

“Nós dobramos a intensidade da fiscalização nas áreas prioritárias, dobrou o potencial de fiscalização da nossa turma, que está botando para quebrar. Os meses que têm mais multas e atos de infração aplicados são os meses em que registramos maiores quedas no desmatamento”, afirmou.

Além do aumento na fiscalização, Minc disse que a resolução do Banco Central que bloqueia o crédito rural a produtores que tenham desmatado ilegalmente suas propriedades também contribui para a queda no desmatamento –uma vez que a norma entrou em vigor em julho. Outro fator responsável pela queda, segundo Minc, foi o acordo fechado pelo governo federal com produtores rurais para reduzir a ilegalidade nas terras exploradas na Amazônia.

Visibilidade – Bem-humorado, Minc disse que é “pé-quente” porque, desde que assumiu a pasta, a visibilidade para a captação dos níveis de desmatamento na Amazônia tem sido reduzida. “Historicamente, os meses de junho, julho e agosto são os piores para a visibilidade, com excesso de nuvens. O ano começou muito pior que 2007, mas passamos a ter boa visibilidade. Carlinhos Minc é pé-quente”, disse.

O Estado onde houve o maior índice de desmatamento foi o Pará, com 235,6 km2, seguido do Amazonas, com 23,9 km2. Apesar da boa visibilidade, Amapá e Roraima não puderam ser monitorados pelo Inpe de forma adequada por terem alto índice de nuvens, o que dificultou a avaliação do satélite.

A área da Amazônia Legal inclui os Estados do Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, no total de 5.217.423 km2. (Fonte: Gabriela Guerreiro/ Folha Online)