A estação de degelo foi considerada encerrada ontem pelo NSICD (Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve) dos Estados Unidos, que monitora o estado da banquisa. A partir da segunda quinzena de setembro, quando começa o outono no hemisfério Norte, o gelo marinho começa a se recongelar.
Apesar de afastado o temor de um novo recorde, a extensão da banquisa ficou 33% abaixo da média observada desde 1979, quando começaram as medições com satélites.
E, neste ano, tornou-se possível pela primeira vez circunavegar o Ártico. Tanto a Passagem Noroeste (entre a Europa e a Ásia via Canadá) quanto a Rota Marítima Norte (pela costa siberiana) se abriram.
“Não estamos num mínimo como o do ano passado, mas estamos abaixo de qualquer coisa que tivemos no passado”, disse Walt Meier, do NSIDC.
O gelo ártico é um fator de regulação do clima global. A diferença entre o ar frio dos pólos e o ar quente no Equador põe em marcha as correntes marinhas e os ventos. O gelo marinho ajuda a manter o frio no pólo Norte, porque rebate a radiação solar de volta para o espaço. Quando a banquisa derrete, a água escura absorve radiação, aumentando mais o calor.
O degelo de 2008, para Meier, é de certa forma mais grave que o de 2007, porque 2008 foi mais frio no norte.
“Em termos de clima no longo prazo, isto não é uma recuperação de forma alguma”, ele disse. “A tendência de longo prazo é ladeira abaixo, e ela está ficando mais íngreme.”
Os cientistas atribuem o degelo ao aquecimento global. “Isso é uma indicação de que não se trata de nenhum ciclo temporário. É mais uma indicação de que estamos chegando ao ponto em que teremos o gelo marinho completamente derretido, nas próximas décadas ou talvez antes.” (Fonte: Folha Online)