O alerta foi dado nesta segunda-feira (17) pelo físico Paulo Artaxo, na palestra de abertura da conferência Amazônia em Perspectiva, que reúne especialistas dos três maiores programas de pesquisa da região: Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), Rede Temática em Modelagem Ambiental da Amazônia (Geoma) e Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio).
“O Estado do Pará é absolutamente crucial”, disse Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), que estuda interações entre a floresta e o clima. “Se for para focar ações em algum lugar, esse lugar é o Pará.”
Vários estudos demonstram que o vapor d’água que serve de matéria-prima para a formação de chuvas na Amazônia flui no sentido leste-oeste, sendo reciclado várias vezes ao longo do caminho pela floresta entre o oceano e os Andes. Ao mesmo tempo que consome água da chuva, a floresta devolve água para a atmosfera na forma de vapor, por meio de um processo chamado evapotranspiração.
Quando a floresta é removida, esse ciclo se quebra e a água que cai sobre a Amazônia Oriental não retorna para a atmosfera, causando um desabastecimento de vapor d’água para formação de chuvas na Amazônia Ocidental. “A floresta controla os ingredientes básicos que produzem chuva sobre ela mesma”, afirma Artaxo.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) calculam que 40% de desmatamento é o limite máximo que a Amazônia Oriental pode suportar. Mais do que isso e o bioma inteiro poderá entrar num processo incontrolável de ressecamento e savanização. Hoje, 17% da Amazônia já foi desmatada, e o Pará é o Estado com a maior área derrubada (218 mil quilômetros quadrados). (Fonte: Herton Escobar/Estadão Online)