Os dados foram divulgados na quinta-feira (27) pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), que fez um mapeamento da doença no Brasil. Segundo o levantamento, realizado com base em informações do Ministério da Saúde e dos registros de 20 cidades das cinco regiões do país, a taxa de mortalidade pela doença na população até 18 anos foi de 40,03 por um milhão entre 2001 e 2005 – 44,1 no caso dos meninos e 35,84 no caso das meninas.
De acordo com o coordenador de prevenção e vigilância do Inca, Cláudio Noronha, o número é compatível com a média mundial, mas está acima do verificado nos países desenvolvidos. Segundo ele, de 1979 a 2005 a taxa de mortalidade infantil pela doença caiu no país: 0,27% ao ano no sexo masculino e 0,04% no feminino.
O resultado foi puxado pelo desempenho das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que apresentaram quedas significativas no período. Já o Norte e o Nordeste registraram aumento na proporção de mortos. As taxas médias de mortalidade nessas duas regiões, porém, continuam abaixo das demais. No país, elas oscilam de 35,12 a 46,19 mortes por um milhão.
Segundo Noronha, uma das explicações possíveis para esse comportamento é a melhoria do diagnóstico nas duas regiões, que passaram a identificar melhor as causas das mortes. Na década de 70, quase 50% dos óbitos de crianças e adolescentes no Nordeste entravam na categoria “causas mal definidas”, enquanto no Sudeste eram apenas 10%. Hoje, apesar de haver diferenças, a situação é mais homogênea.
Leucemia – Em relação à incidência, o tipo mais comum de câncer infanto-juvenil é a leucemia, que respondeu por 29% dos casos registrados no país no período. Em segundo lugar vem o linfoma (15,5%) e, em terceiro, os tumores do sistema nervoso central (13,4%). Este, porém, ocupa o segundo lugar na mortalidade, à frente do linfoma e atrás da leucemia.
O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Renato Melaragno, alertou que os sintomas das doenças não costumam se diferenciar daqueles provocados por doenças comuns na infância, como febre alta e dor no corpo.
No caso da estudante Izabella Ferrão, 13, que trata de um osteossarcoma no fêmur, o diagnóstico foi dificultado pela paixão da menina por esportes. Acostumada a jogar handebol, ela não deu importância quando percebeu um inchaço na perna direita, em abril. “Achei que fosse causado pelo exercício. Minha mãe também não achou que era grave”, diz.
Apenas em junho, dois meses depois, é que uma visita ao ortopedista revelou o tumor. Ela iniciou então a quimioterapia e fez uma cirurgia para extirpar a doença. Hoje, com a perna imobilizada, ela faz quimioterapia, mas vê cada vez mais próximo o sonho de voltar a jogar. (Fonte: Denise Menchen/ Folha Online)