SC foi novo paradigma sobre como lidar com catástrofe, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (12) em Itajaí que o Estado brasileiro estabeleceu em Santa Catarina “um novo paradigma sobre como lidar com catástrofes naturais”. Depois de sobrevoar áreas afetadas por deslizamentos e enchentes no Estado, Lula exaltou a “harmonia” dos governos federal, estadual e municipais. Ele fez as declarações ao lado do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, do prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, do PT, e de sete ministros.

“O que anunciamos hoje não acontece hoje”, advertiu o presidente, depois de os ministros fazerem um balanço das medidas adotadas para socorrer o Estado. Depois de explicar que as liberações de verbas dependem de documentações que devem ser fornecidas por prefeituras e pelos beneficiados, ele enfatizou: “Queremos acompanhar a concretização de cada coisa.”

Falando aos jornalistas depois do seu segundo sobrevôo de helicóptero no Vale do Itajaí, ontem à tarde, Lula elogiou a imprensa, pela “sobriedade” com que tratou a tragédia de Santa Catarina. “Normalmente quando acontece uma tragédia a imprensa fica todos os dias procurando os culpados”, disse Lula, lembrando o acidente com o avião da Gol, que só depois de dois anos teve divulgado um relatório oficial sobre suas causas. “Dessa vez, a imprensa entendeu que, quando alguém perde uma casa, não se pode repô-la no mesmo dia. As coisas levam tempo. É assim que o Brasil precisa aprender a tratar dos seus problemas.” Os deslizamentos e enchentes causaram a morte de 126 pessoas e deixaram 27 desaparecidos e 33.479 desalojados ou desabrigados.

Lula ressaltou que muitos deslizamentos ocorreram em áreas não desmatadas, mas elogiou a decisão do governador catarinense de formar um grupo de estudos para propor medidas que previnam novos desastres como esse. “Obviamente não podemos evitar a chuva porque essa quem manda é o homem lá de cima”, disse ele. “Mas temos de tomar nossas providências aqui embaixo.” Ele brincou com o governador: “Luiz Henrique, você vai ficar aqui. Eu vou receber a Xuxa em Brasília. Ela vai ajudar Santa Catarina.” Ele lembrou que o jogador Ronaldo, agora do seu time Corinthians, também se engajou na campanha.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, anunciou um total de R$ 1,7 bilhão em linhas especiais de créditos com maiores prazos de carência e juros menores para a recomposição do capital de giro e de estoques de micros e pequenas empresas, e para o pagamento de aluguéis, férias e 13º salário. Também será alargado em seis meses o prazo para o pagamento de tributos federais. Os empréstimos feitos aos agricultores nas áreas afetadas pelas chuvas serão “repactuados”. Ela anunciou ainda “recursos a fundo perdido para subsidiar em até 100% os débitos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)”.

De acordo com o governador Luiz Henrique, do início da tragédia, dia 22, até o dia 10, o Estado perdeu R$ 72 milhões em arrecadação.

O ministro dos Transportes, Alfredo Pereira do Nascimento, anunciou que foram contratadas obras no valor total de R$ 123 milhões em quatro rodovias federais: as BRs 101, 680, 470 e 282. Segundo ele, todas as rodovias estão desobstruídas e todos os desvios, asfaltados. Até 31 de janeiro, todas as rodovias federais estarão recuperadas no leito principal, para evitar problemas nas férias de verão, disse o ministro. E as obras nas encostas, onde houve deslizamentos, deverão estar concluídas em seis meses.

Já o ministro dos Portos, Pedro Brito, afirmou que serão investidos R$ 350 milhões na recuperação do Porto de Itajaí, que está parado, causando um prejuízo diário de US$ 35 milhões. As obras incluem a dragagem do porto assoreado, para recuperar a sua profundidade e permitir o acesso dos navios. As dragas começarão a trabalhar na semana que vem. O trabalho tem prazo de 90 dias, mas a empresa chinesa que ganhou a licitação de R$ 17,5 milhões promete concluir antes, disse o ministro. Outros R$ 50 milhões serão investidos em obras para evitar que o problema se repita. (Fonte: Estadão Online)