O ciclo de vida dessa mosca é de 36 dias e ela pode devastar plantações. “Aqui no Piauí, com certeza, houve uma variação grande, em alguns locais (a infestação) foi de 100%, em outros variou entre 50% e 80% e em pouquíssimos locais não houve infestação”, afirmou o coordenador da pesquisa, Paulo Henrique Soares.
Nas fases de ninfa e adulta, a mosca-branca-do-cajueiro se alimenta da seiva da planta e injeta toxinas. Além disso, ela deposita, nas folhas do cajueiro, fezes adocicadas que servem de substrato para o desenvolvimento de fungos de coloração escura. Esses fungos, conhecidos como fumagina, começam a se desenvolver sobre as folhas, cobrindo sua superfície e impedindo a fotossíntese e a respiração da planta.
“A mosca branca sempre existiu nas plantações de caju nativas, ela vivia em equilíbrio com a natureza, mas o caju foi se tornando importante, muitas áreas passaram a ter a cultura e a mosca começou a se apresentar como uma praga” afirmou Soares.
As pesquisas começaram em 2004, quando a mosca começou a causar impacto na produção e os agricultores procuraram a Embrapa para saber como controlar a praga. “Na época em que ocorreu o primeiro surto, o pessoal quis aplicar agrotóxico e nós não pudemos fazer essa recomendação porque na legislação dos agrotóxicos a gente só pode recomendar quando o produto é registrado no Ministério da Agricultura tanto para a cultura quanto para a praga”, disse o pesquisador.
Além da falta de registro, havia outro empecilho, a produção de mel na região. Segundo Soares, grande parte dos produtores de caju tem colméias, e as abelhas usam o néctar e o pólen do cajueiro para a fabricação de mel, por isso o agrotóxico só poderia ser aplicado na planta se não fosse prejudicial às abelhas.
As experiências com os óleos vegetais revelaram uma eficiência de 46% a 72% no controle de ovos da mosca-branca e de 91% a 92% no controle da ninfa (estágio jovem da praga). Não foram feitos experimentos com a fase adulta, devido à dificuldade de contagem do número de moscas (pois elas poderiam voar depois da aplicação). As pesquisas com as abelhas mostraram que os óleos vegetais não são prejudiciais a elas.
A pesquisa, financiada pelo Banco do Nordeste, foi feita entre 2004 e 2007. Os óleos devem custar cerca de R$ 4 aos agricultores. “Ainda há a questão do meio ambiente, porque o óleo vegetal não vai trazer prejuízo como o agrotóxico”, concluiu o pesquisador. (Fonte: Radiobrás)