A doença provocou a morte de seis pessoas – quatro em Porto Seguro, uma em Jequié e uma em Itabuna. Em todo o ano passado, foram 15. Em Salvador, a situação está controlada, mas os médicos temem um aumento no número de casos por conta do feriado. Paulo Olzon, infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que o perigo em eventos com grande aglomeração de pessoas é que o mosquito tem mais gente para picar e, assim, o vírus pode se espalhar mais rapidamente.
Para Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o que pode acontecer também é o turista, por não estar habituado às medidas preventivas adotadas em determinada localidade, “furar os hábitos de combate à dengue.” Desde o início do ano em Salvador, segundo a Secretaria da Saúde, foram registrados 119 casos da doença (cinco deles da variedade hemorrágica).
A Secretaria da Saúde diz ainda que 135 dos 417 municípios da Bahia (ou 32%) já apresentam registros da doença neste ano. Em Itabuna (429 km ao sul de Salvador), a prefeitura decretou emergência por causa da dengue -900 casos foram registrados nos últimos 45 dias. Em Porto Seguro (705 km da capital), o segundo polo turístico do Estado, os técnicos da prefeitura temem a redução do número de visitantes até o fim do verão devido à doença.
No Rio de Janeiro, que viveu surto da doença em 2007, a situação está mais controlada, mas o Ministério da Saúde recomenda não baixar a guarda e manter as medidas de prevenção e a atenção aos sintomas.
Febre amarela – Quem vai passar o feriado em municípios menores ou opta por ir a áreas rurais deve ficar atento a outra doença: a febre amarela. “Tivemos, do fim de 2007 para 2008, uma série de casos em regiões onde as pessoas costumam passar o Carnaval, como o interior de Goiás ou as cidades históricas”, diz o infectologista Jessé Alves, responsável pela consulta do viajante do laboratório Fleury.
No Rio Grande do Sul, há 134 cidades sob risco de febre amarela. Quatro mortes já foram registradas no Estado. A recomendação é tomar a vacina ao menos dez dias antes de chegar aos locais. Para quem se esqueceu, Alves diz que vale a pena se imunizar mesmo assim. “Não há proteção total nesse caso, mas é melhor do que não tomar.”
Karis Rodrigues, médica do Cives (Centro de Informação em Saúde para Viajantes), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), chama a atenção para o problema da falta de saneamento em cidades menores sobrecarregadas pelo número de turistas, o que aumenta o risco de doenças transmitidas pela contaminação na água e em alimentos, como hepatite A, diarreia e verminoses.
Especialistas também alertam para os riscos de problemas oculares como conjuntivites, não só pelo contato com mais gente mas pelo uso de produtos químicos, como maquiagem e filtro solar. O uso prolongado de lentes e o contato simultâneo com o cloro da piscina e a areia da praia ainda podem desencadear um tipo de conjuntivite química. O mais indicado é substituir a lente por óculos com proteção contra os raios ultravioleta na praia ou piscina. (Fonte: Luiz Francisco/ Folha Online)