No local, às margens do Canal da Bertioga, estão as muralhas de granito que um dia formaram o Forte São Felipe, os degraus e o arco da antiga Ermida de Santo Antônio e os tanques utilizados para estocar o óleo retirado na Armação das Baleias, uma das primeiras indústrias do País. Além disso, a ideia é escavar e estudar parte dos 6 milhões de metros quadrados da serra para que se descubram outras ruínas hoje encobertas pela mata atlântica.
A criação de um parque na região é um antigo sonho do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que acabou de conseguir recursos entre R$ 70 mil e R$ 80 mil para a obra de estabilização e conservação de ruínas em uma área de 300 metros quadrados. “Mas já foram feitas dezenas de limpezas nessa área e três meses depois está tudo igual. É preciso dar início à implementação de um parque arqueológico da região, pois sem uso o trabalho de conservação não dura nada”, explica o arquiteto do Iphan Victor Hugo Mori, ex-superintendente regional do órgão.
Palco de grandes conflitos entre os índios tupiniquins (aliados dos colonizadores) e dos tupinambás, o Canal da Bertioga era o limite entre os territórios das duas tribos rivais. Foi ali, segundo alguns historiadores, e não a São Vicente, que Martim Afonso teria chegado, em 1532. O arqueólogo Manoel Gonzalez afirma que essa é uma das áreas históricas do País com grande potencial para um trabalho arqueológico semelhante ao executado em outros países e cita as Arènes de Lutèce, as ruínas do Museu do Louvre e da Catedral de Notre-Dame, todas na França, onde atualmente faz sua pesquisa de pós-doutorado. (Fonte: Estadão Online)