Ricos e pobres criticam propostas ambientais da ONU

Países ricos e pobres criticaram nesta segunda-feira a redação preliminar de um novo tratado climático da Organização das Nações Unidas (ONU), mas o aceitaram como ponto de partida para seis meses de árduas negociações.

“Tivemos algum choque quanto à forma como foi estruturado”, disse Jonathan Pershing, chefe da delegação norte-americana na conferência de Bonn, que reúne 180 países entre os dias 1o e 12 de junho. O texto de 53 páginas resume ideias de todos os países.

“Este texto deveria ter mais equilíbrio”, avaliou Ibrahim Mirghani Ibrahim, do Sudão, falando em nome dos países em desenvolvimento, entre eles China e Índia.

Mesmo assim, disse que “esta sessão representa um ponto de virada” porque pela primeira vez coloca sobre a mesa os textos que servirão de base para o futuro tratado cuja definição está prevista para uma conferência da ONU em dezembro em Copenhague.

O texto-base propõe, por exemplo, que os países ricos destinem 2 por cento do PIB para ajudar os pobres a lidarem com o aquecimento global. Os países ricos sugerem formas pelas quais os pobres poderiam reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Um delegado europeu disse que “o fato de ter sido criticado por todos os lados não significa que não seja, em geral, equilibrado”.

Os EUA, por exemplo, dizem que o texto tem um viés favorável aos interesses dos países em desenvolvimento e deveria conter um preâmbulo declarando que todos os países terão de ampliar suas ações contra a mudança climática.

Já os países em desenvolvimento se queixam de que há mais páginas estipulando suas possíveis ações do que falando dos cortes de emissões de gases do efeito estufa pelos países ricos.

O texto está cheio de lacunas a serem preenchidas após todas as partes fazerem concessões.

No lado de fora da conferência, manifestantes do Greenpeace vestidos como bonecos de neve, árvores, ursos polares e camelos alertavam os delegados para os riscos da mudança climática. (Fonte: Estadão Online)