No longa “A árvore da música”, o cineasta Otávio Juliano revela a surpreendente relação entre o mundo da música clássica e o pau-brasil, cuja madeira é considerada a única ideal para a fabricação de arcos para instrumentos de corda.
Ao mesmo tempo, mostra a difícil cruzada de pesquisadores e botânicos no Brasil que se dedicam ao estudo da espécie, que está ameaçada de extinção.
“Acho que o filme é, de certa forma, uma homenagem ao trabalho do pesquisador”, disse o diretor à AFP.
“É emocionante ver o trabalho do Haroldo de Lima, que é um dos maiores especialistas em pau-brasil do país. Ele compra coisas com dinheiro do próprio bolso, como um GPS para localizar exemplares na mata e uma câmera para registrar as árvores encontradas”, afirmou.
No filme, ouvimos o desabafo de outra pesquisadora, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que relata ter catalogado o DNA de uma série de exemplares de pau-brasil encontrados por sua equipe e que, dois anos depois, haviam sido derrubados por falta de proteção legal.
A situação é tão grave que a maior associação internacional de achetários – os tradicionais fabricantes de arcos – começou, há cerca de 15 anos, a enviar dinheiro para a Bahia para financiar o plantio de mudas, temendo que a espécie desapareça.
“Esperamos que haja uma conscientização. Nesse caso específico, é possível chamar a atenção para a questão ambiental através da música, porque o arco representa, ao mesmo tempo, a relação do homem com a natureza e com a arte”, estimou Juliano.
Em “Caçadores de dinossauros”, média-metragem dirigida por Neila Tavares e Lara de Campos, o público acompanha uma expedição de pesquisadores, liderada pelo paleontólogo Alexander Kellner, que viaja para o Mato Grosso em busca de fósseis de dinossauro.
É apenas quando sobem os créditos, no entanto, que os espectadores descobrem que a expedição foi em grande parte financiada pela produtora que lançou o filme.
“Eu procurei o Kellner e pedi para acompanhar uma de suas expedições. Ele me disse que estava organizando uma ida a um sítio onde já se sabia que havia fósseis, mas que não conseguia dinheiro”, conta Neila.
“Então, pensei: ‘não vamos pagar passagem nem estada, porque vamos ficar com os pesquisadores, então vamos investir na expedição o dinheiro que temos para filmar’. E os fósseis iam acabar ali, se não fossem coletados”, diz.
“Eles são apaixonados pelo que fazem. Não havia quem não acordasse na hora, não tinha nenhum problema, não havia mau humor”, lembra Neila, referindo-se aos pesquisadores – que, apesar das condições precárias e da falta de recursos, conseguiram coletar uma tonelada e meia de material fóssil em 35 dias.
Também concorrendo na categoria média-metragem, “Arrakis” mistura lirismo e belas imagens para servir de pano de fundo à triste história de operários italianos que trabalhavam em fábricas de amianto, e que jamais foram sequer indenizados pelos danos causados.
O “documentário tributo”, como define o diretor Andrea di Nardo, é narrado pela voz rouca de Silvestro Capelli, que depois de trabalhar durante anos em uma dessas fábricas, precisou ter a laringe e as cordas vocais retiradas para extirpar um câncer provocado pela inalação do pó de amianto.
“Todos sabiam. Os sindicatos sabiam. A gerência sabia. As autoridades de saúde sabiam. Nos condenaram à morte e à invalidez”, lamenta o narrador, que fala acompanhando uma sequência de imagens quase abstratas de fábricas abandonadas.
Com outra abordagem, “Veneno à venda – a história do sucesso da multinacional americana Monsanto” (“Gift im angebot – die erfolgsstory des US-multis Monsanto”), do alemão Manfred Ladwig, compartilha com o filme italiano uma denúncia contra o descaso das autoridades e a má-fé das empresas.
O filme mostra que, até hoje, guerrilheiros vietnamitas e veteranos americanos lutam na justiça para conseguir compensações pelos danos causados pelo Agente Laranja, produzido pela Monsanto.
Durante o conflito, as tropas americanas usaram a substância como desfolhante para evitar que os milicianos se escondessem na mata densa. Milhares de pessoas desenvolveram cânceres e outras doenças em consequência do contato com o Agente Laranja, e o solo de muitas partes do Vietnã está até hoje contaminado pelas substâncias tóxicas. (Fonte: Yahoo!)