Cerca de 180 países estão reunidos a partir desta segunda-feira (10) em Bonn, Alemanha, para discutir a mudança climática global, em meio a advertências de que o prazo para o estabelecimento de um novo pacto em torno da questão está acabando – o acordo que sucederá o Protocolo de Kyoto, de 1997, tem de ser firmado em dezembro deste ano.
Cerca de 2,4 mil delegados reúnem-se de 10 a 14 de agosto para negociações com o objetivo de dar forma a uma proposta de acordo, delineando opções par o combate ao aquecimento global. O texto preliminar inchou de 50 para 200 páginas em poucos meses.
“O tempo está acabando”, advertiu Yvo de Boer, chefe do Secretariado para Mudança Climática das Nações Unidas, num salão decorado com um enorme relógio que está marcando os 118 dias que faltam para a reunião definitiva de dezembro, em Copenhague.
“O desafio desta sessão é reduzir o texto”, disse ele. “Temos um terreno enorme para cobrir”.
A reunião de Bonn, a terceira na Alemanha neste ano, foi convocada por causa do pouco progresso obtido até agora e da aproximação do prazo final. Depois de Bonn, as rodadas que precederão Copenhague serão em Bangcoc (28 de setembro a 9 de outubro) e Barcelona, de 2 a 6 de novembro.
O texto preliminar de 200 páginas delineia ideias como meios para registrar os cortes de emissão de gases do efeito estufa pelos países em desenvolvimento, como ajudar os países pobres a se adaptarem à mudança climática, maneiras de proteger florestas e como levantar bilhões de dólares em novos financiamentos.
Entre as questões mais importantes a serem tratadas em Bonn, está “como os países ricos vão demonstrar liderança para reduzir suas emissões”, disse de Boer.
Líderes do Grupo dos Oito, que reúne as nações mais industrializadas do mundo, concordaram, no mês passado, em cortar suas emissões em 80% arte 2050 e limitar o aquecimento global a 2º C sobre os níveis anteriores à revolução industrial.
“Não estamos, em absoluto, no caminho” para ficar abaixo dos 2º C, disse de Boer.
As temperaturas subiram 0,7º C no último século e o Painel Climático da ONU prevê aumentos ainda maiores que causarão ondas de calor, secas, enchentes e elevar o nível dos mares.
A Nova Zelândia declarou, nesta segunda, ter a meta de cortar suas emissões de carbono entre 10% e 20% até 2020, com base nos níveis de 1990, mas disse que a meta articula-se com os compromissos que outros países assumirem em Copenhague.
Países em desenvolvimento como Índia e China querem que as nações ricas cortem suas emissões em 40% abaixo dos níveis de 1990 até 2020. Os cortes médios até agora projetam algo entre 10% e 14%.
Geleiras – No domingo (9), o Oceano Ártico perdeu mais algumas dezenas de milhares de metros quadrados de gelo, num verão de derretimento que não dá trégua e parece acenar com um novo recorde histórico de perda de gelo polar.
Em um vilarejo do noroeste canadense, a mais de 2 mil quilômetros de Seattle, o observador Eddie Gruben viu o gelo do fim de semana chegar a 128 quilômetros da costa. “Há quarenta anos, era 64 quilômetro”, disse ele, que tem 89 anos.
As temperaturas no Ártico subiram pelo menos o dobro da média mundial de 0,7º C no último século. Em julho, o calor chegou a quase 30º C numa aldeia de inuvalit, os esquimós do oeste.
Na última quinta-feira (6) o Centro Nacional de Dados de gelo e Neve dos EUA informava que a calota de gelo polar tinha a extensão de 6,75 milhões de quilômetros quadrados, tendo perdido 160 mil quilômetros quadrados ao dia no mês de julho. Isso equivale ao desaparecimento diário de três vezes o território da Bélgica.
Essa taxa é semelhante à de julho de 2007, ano em que a calota polar norte atingiu a menor extensão já registrada, 4,3 milhões de quilômetros quadrados. (Fonte: Estadão Online)