Os cientistas fabricaram amostras de sangue e saliva contendo DNA de uma pessoa diferente do doador. Eles também mostraram que, se tivessem acesso a um perfil de DNA num banco de dados, poderiam construir uma amostra de DNA para combiná-la a esse perfil sem obter qualquer tecido da pessoa.
“Você pode simplesmente projetar uma cena de crime”, disse Dan Frumkin, principal autor do trabalho, publicado online pelo jornal “Forensic Science International: Genetics”. “Qualquer estudante de biologia poderia fazer isso.”
Frumkin é um dos fundadores da Nucleix, empresa baseada em Tel Aviv responsável pelo desenvolvimento de um exame capaz de distinguir amostras de DNA falsas e verdadeiras – e espera vendê-lo a laboratórios forenses.
A possibilidade de plantar evidências de DNA numa cena de crime é apenas uma das implicações da descoberta. Outra seria uma potencial invasão de privacidade.
Usando algumas das mesmas técnicas, pode ser possível obter o DNA de qualquer um, de um copo descartável ou filtro de cigarro, e transformá-lo numa amostra de saliva – que poderia ser submetida a uma empresa de exames genéticos, e usada para medir ancestralidade ou o risco de contrair várias doenças. Celebridades podem passar a temer “paparazzi genéticos”, disse Gail Javitt, do Genetics and Public Policy Center, na Universidade Johns Hopkins.
Tânia Simoncelli, conselheira científica da União Americana de Liberdades Civis, disse que a descoberta é preocupante. “Numa cena de crime, é muito mais fácil plantar DNA do que impressões digitais”, explicou. “Estamos criando um sistema de justiça criminal cada vez mais dependente dessa tecnologia”.
John Butler, líder do projeto de testes de identidade humana no Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, afirmou estar “impressionado com o quão bem eles eram capazes de fabricar os perfis falsos de DNA”. Ele acrescentou uma ressalva (não muito tranquilizadora): “Imagino que o criminoso comum não seria capaz de fazer algo assim.” (Fonte: G1)