“Copenhague não será uma partida de pôquer. O Brasil não vai se esconder atrás de ninguém, nem ninguém vai poder se esconder atrás do Brasil”, afirmou Amorim em entrevista coletiva com correspondentes internacionais no Rio de Janeiro.
Segundo o chanceler, o Brasil vai assumir perante a comunidade internacional “objetivos quantitativos bem claros”, como a redução do desmatamento da Amazônia em 70% até 2017, uma meta já incluída no Plano de Mudanças Climáticas apresentado pelo Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro do ano passado.
Se o Brasil cumprir esse objetivo, voltará às taxas de destruição da floresta registradas entre 1996 e 2005, em torno de 5 mil quilômetros quadrados ao ano.
Amorim lembrou que o desmatamento é a principal fonte de emissões de gás carbônico no Brasil e disse que a Amazônia “será uma das maiores vítimas” do aquecimento global.
Contrapartidas – A respeito de outros países, o titular de Relações Exteriores assegurou que a posição do Brasil “não será inocente”, e por isso “exigirá” que os países ricos também assumam “metas reais” e concretas para reduzir suas emissões.
“Nossos negociadores não podem ter uma posição idealista enquanto os outros países querem proteger suas indústrias, adotar medidas protecionistas, procurar manter suas matrizes energéticas tradicionais e um modelo econômico baseado no carvão”, considerou.
Na mesma linha, Amorim criticou que os países ricos se defendam nos mecanismos de compensação de emissões para “continuar comprando o direito de destruir a atmosfera”, em vez de assumir objetivos para reduzir as emissões.
Alertou que se esta situação for mantida, se chegará a uma “equação impossível” na qual os países pobres teriam que reduzir suas emissões em uma proporção muito maior para alcançar os objetivos globais.
A Conferência sobre Mudança Climática das Nações Unidas se realizará em Copenhague, capital da Dinamarca, entre os dias 8 e 17 de dezembro. Será quando os países tentarão conseguir um novo acordo mundial sobre redução de emissões de gases poluentes que substitua o Protocolo de Kyoto, de 1997, que deixará de estar em vigor em 2012. (Fonte: Folha Online)