As moradias tinham sido erguidas em parte de uma fazenda reivindicada pelos indígenas como terra tradicionalmente ocupada por seus antepassados. Os indígenas deixaram a aldeia na última sexta-feira (11) por ordem judicial, mas animais e pertences dos guarani ainda foram queimados, segundo relatos de lideranças reproduzidos pelo Cimi. Os mesmos relatos dão conta de que toda a comunidade passou a noite sem dormir, com medo de novos ataques.
“Toda a intencionalidade vai no sentido de afastar a comunidade da beira da estrada e vê-los longe de sua terra tradicional”, criticou o coordenador regional do Cimi, Egon Heck.
No momento, os cerca de 130 índios da aldeia estão acampados à beira da BR-163, em frente à Fazenda Santo Antônio de Nova Esperança, e pretendem ficar ali até que seja feita a demarcação de seu território tradicional. Estudos antropológicos que antecedem o reconhecimento de novas áreas indígenas em Mato Grosso do Sul devem ser retomados em breve. A Fundação Nacional do Índio (Funai) trabalha na elaboração de novas portarias para embasar os procedimentos.
A Agência Brasil tentou contactar dois líderes da Aldeia Laranjeira Ñanderu por meio de telefones celulares, mas os aparelhos estavam desligados.
A luta histórica dos indígenas pelo reconhecimento de seu direito a terras tradicionalmente ocupadas em Mato Grosso do Sul foi tema de recente reportagem especial da Agência Brasil, na qual foram abordadas as origens e consequências do quadro fundiário de extremos que caracteriza o estado. Fazendeiros instalados em terras produtivas – quase todos com títulos legais emitidos pela União ao longo do último século – e índios em condição miserável convivem lado a lado sob a tensão decorrente da disputa fundiária. Os indígenas alimentam o desejo de regressar às terras que ocupavam antes do processo de colonização da região. (Fonte: Marco Antonio Soalheiro/ Agência Brasil)