O próprio Reino Unido carece de propostas sobre o financiamento do corte de emissões nos países mais pobres – uma das questões-chave de Copenhague -, apesar do chamado de Brown ontem no Fórum das Grandes Economias. O grupo reúne os 17 países responsáveis por 80% dos gases do efeito estufa (Brasil incluso).
“Temos de progredir especialmente em financiamento”, disse Brown. “Isso requer que os países desenvolvidos apresentem ofertas e que aqueles em desenvolvimento apresentem planos e ações, compromissos práticos que ambos temos de fazer e manter.”
O premiê afirmou na terça-feira ter posto em discussão um pacote de propostas sobre como organizar o financiamento, que poderia chegar a US$ 100 bilhões anuais em fundos públicos e privados até 2020.
Emergentes e países desenvolvidos estão em um cabo de guerra sobre os custos da redução das emissões nos segundos e a quem cabe o ônus maior.
“Vamos enfrentar restrições e desafios políticos enormes. E o primeiro passo -que devemos dar aqui neste fórum- é reconhecer isso e determinar que as barreiras precisam ser superadas”, declarou Brown.
O britânico afirmou que será necessário um corte de emissões maior do que o que aquele que os países da União Europeia e o Japão já ofereceram para 2020, que reduziria as atuais 50 bilhões de toneladas de gases emitidos para cerca de 48 bilhões. Para Brown, seria necessário chegar a 44 bilhões.
“Se não alcançarmos um acordo nos próximos dias (…) não haverá acordo retrospectivo futuro que desfaça essa escolha (pela inação)”, disse o premiê. “Então será irrecuperavelmente tarde demais, e por isso não podemos perder de vista a catástrofe que enfrentaremos se as atuais tendências de aquecimento se mantiverem.”
Mas o líder britânico se disse esperançoso de que o acordo seja selado, o que contrastou com o tom geral da reunião.
O representante dos EUA, Todd Stern, voltou a exortar as nações emergentes a conterem suas emissões – estas, por sua vez, esperam cortes maiores e dinheiro dos países ricos, que poluem mais há mais tempo.
Stern afirmou que é “certamente possível” que não saia acordo nenhum em Copenhague. “O que precisávamos era que a China, a Índia, o Brasil, a África do Sul tivessem vontade para pegar o que já estão fazendo (em termos de proposta), aumentar um pouco e então pôr isso em um acordo.”
O Brasil ainda não apresentou sua meta oficial, mas o presidente Lula tem dito que ela seria “ambiciosa” e teria um papel de liderança no combate ao aquecimento. (Fonte: Luciana Coelho/ Folha Online)