O secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU para a Mudança Climática, Yvo de Boer, afirmou nesta quarta-feira que será “impossível” se obter um acordo abrangente sobre o clima em Copenhague, em dezembro. Principal negociador das Nações Unidas sobre o tema, De Boer notou, porém, que um forte compromisso político sobre o tema no encontro já será um avanço.
“É fisicamente impossível em qualquer cenário completar cada detalhe do tratado em Copenhague”, disse de Boer. “Mas (a reunião em) Copenhague pode e deve concordar com as bases políticas que farão uma resposta de longo prazo à mudança climática clara, possível, realista e bem definida”, disse ele a jornalistas, por telefone.
Na segunda-feira, começa em Barcelona uma reunião preliminar de cinco dias sobre o tema, também no âmbito da ONU.
Para haver sucesso, Copenhague deve gerar “absoluta clareza” sobre quatro pontos, na opinião de de Boer. O encontro deve decidir sobre quanto os países ricos podem emitir de gases causadores do efeito estufa em 2020 e 2050; e também o que nações em desenvolvimento como Brasil, Índia, China, México e Indonésia farão para limitar suas emissões, notou ele.
Além disso, os países desenvolvidos devem decidir quanto darão às nações pobres para ajudá-las a reduzir as emissões e cooperar com projetos para reduzir o impacto da mudança climática, combatendo problemas como enchentes, secas, escassez de alimentos e custos com doenças pelas mudanças climáticas.
Finalmente, a conferência deve determinar como esse financiamento – que deve movimentar bilhões de dólares anualmente em uma década – deve ser gerenciado.
De Boer notou que o mundo não tem mais um ano para esperar por um acordo, e que o pacto “deve ser feito em Copenhague”. Ele lembrou que o acordo deve ser ratificado e firmado antes do fim de 2012, quando o Protocolo de Kyoto expira.
Após a negociação política, o secretário espera que em 2010 sejam finalizados os detalhes do plano. De Boer lembrou que levou oito anos para se negociar e ratificar Kyoto, até o momento o único acordo internacional que limita as emissões.
(Fonte: Agência Estado / Gazeta do Povo Online)