Uma rodovia pavimentada corta a Reserva Indígena Pareci, no sudoeste de Mato Grosso. A MT-235 liga os municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal, dois grandes produtores de grãos. Mas para usar a estrada é necessário pagar um pedágio, e a cobrança é feita pelos próprios índios.
São quase 63 quilômetros de rodovia asfaltada. A pista, nova, corta a Reserva Indígena Utiariti, entre os municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal, no sudoeste de Mato Grosso. Na reserva vivem aproximadamente 400 índios da tribo Pareci distribuídos em oito aldeias.
Acostumados com a estrada de terra, o asfalto causou um problema que ele não contavam. “Há risco. Tem mais pessoas que passam com muita velocidade de carro”, reclamou Anésio Zezonezekemo, índio da etnia pareci.
A pavimentação da rodovia era esperada pelos motoristas e produtores rurais da região. Em época de escoamento de safra o movimento é grande. Os atoleiros, que causavam prejuízos e demora, ficaram no passado. “Melhorou demais o asfalto. Era muito complicado para passar pela outra estrada”, diz o motorista Moacir Lajes.
Guarita de cobrança – Mas só passa quem paga. Por volta de 1997, um acordo entre os índios, a Funai e o Ministério Público permitiu que fosse cobrada uma taxa dos motoristas que atravessam a terra indígena. O asfalto chegou, mas o posto de cobrança ainda é improvisado e sem nenhuma segurança.
No acordo firmado com a Funai e o Ibama para a pavimentação do trecho da rodovia, o governo do Estado se compromete em construir uma guarita para que os índios continuem a fazer a cobrança do direito de passagem, uma espécie de pedágio. O prazo para que isto seja feito vence em janeiro de 2010.
Todo o dinheiro arrecadado vai para as associações indígenas que atendem um total de 1,7 mil índios parecis em outras reservas indígenas da região. Tudo é feito com acompanhamento da Funai.
“Esse recurso, provavelmente, vai para a renda do patrimônio indígena. Os recursos são depositados numa conta da Funai, a comunidade apresenta um plano de aplicação desses recursos que seriam aplicados na própria comunidade”, esclareceu Martins Toledo de Melo, chefe de meio ambiente da Funai.
Atualmente, eles cobram R$ 30 para caminhões, carretas e ônibus, vinte reais para carros de passeio e R$ 10 para motos. Os motoristas reclamam do preço.
A Associação Indígena Uimaré informou que há um acordo entre os índios para que o valor da tarifa do pedágio seja reduzido depois que o posto de cobrança ficar pronto. (Fonte: Globo Amazônia)