Caramujos invadem e comem plantações em Feira de Santana, na Bahia

Os caramujos se movem devagar, mas para os pequenos agricultores do distrito de Ipuaçu, em Feira de Santana, eles são bem rápidos quando se trata de destruir uma lavoura. “Eu olhava de noite os pés de feijão brotando e pensava que a safra ia ser boa. De manhã tava tudo comido”, lamenta o produtor Renato Carvalho, vítima da praga de caramujos africanos, que começou a se manifestar em 2006 e este ano chegou ao auge, na localidade de Brava, o lugar mais atingido.

Roberto mora há 19 anos em sua propriedade e sempre colheu feijão, abóbora, batata e milho. Agora só este último escapa da fome dos caramujos. Da abóbora, seu principal produto, não colheu nada este ano.

Gildete Dias, presidente da Associação de Produtores Rurais e Pescadores do distrito,, teme que a contaminação se espalhe pelas outras 15 comunidades. “De noite, eles tomam a estrada toda”.

Adeptos da umidade, os bichos sempre procuram fugir do sol. “Quando chove, eles saem todos. A estrada fica de um jeito que ninguém anda. Faz nojo”, conta o agricultor Bernardino Ribeiro.

O gosto pela umidade acabou permitindo a Bernardino sem querer, descobrir uma armadilha. Notou que centenas deles se abrigaram sob um pano que alguns jovens deixaram secando, após lavarem suas motos. “Quando estava o sol bem quente, eu tirei o pano e eles morreram”, relata. Os bichos comeram toda a plantação de Bernardino. Só sobrou o milho. Já a armadilha preparada pelos técnicos da prefeitura (um balde com cerveja, enterrado no chão) não deu resultado.

O agrônomo Joedilson Freitas, da secretaria de Agricultura de Feira de Santana considera que a armadilha implantada pelos técnicos não falhou. O que falta é os agricultores adotarem as práticas corretas. “Tem que manter limpo, trocar a isca. Não precisa ser cerveja, podem ser matérias orgânicas, mas tem que estar sempre trocando”, explica. Joedilson aprova a ideia de colocar um pano, como fez Bernardino, mas recomenda que seja embebido com algo que atraia os animais.

Descarte – De acordo com as informações da Secretaria de Agricultura, a proliferação do caramujo africano no distrito feirense foi causada por um produtor de escargot que descartou os animais na natureza quando o empreendimento acabou.

O agrônomo informa que existe um veneno, mas não é recomendável, por ser muito forte e prejudicar o solo. O combate, de acordo com ele, deve ser permanente. “ O produtor pode levar com ele uma latinha e ir catando o que encontra. Depois eles devem ser jogados em cal, onde morrem desidratados”, explica.

A secretaria distribuiu cal para os produtores. Mas o objetivo não deve ser eliminar o caramujo. O agrônomo afirma que o caramujo já está incorporado ao ecosistema. Ele serve de alimento para cobras, por exemplo. (Fonte: A Tarde Online/BA)