Roberto mora há 19 anos em sua propriedade e sempre colheu feijão, abóbora, batata e milho. Agora só este último escapa da fome dos caramujos. Da abóbora, seu principal produto, não colheu nada este ano.
Gildete Dias, presidente da Associação de Produtores Rurais e Pescadores do distrito,, teme que a contaminação se espalhe pelas outras 15 comunidades. “De noite, eles tomam a estrada toda”.
Adeptos da umidade, os bichos sempre procuram fugir do sol. “Quando chove, eles saem todos. A estrada fica de um jeito que ninguém anda. Faz nojo”, conta o agricultor Bernardino Ribeiro.
O gosto pela umidade acabou permitindo a Bernardino sem querer, descobrir uma armadilha. Notou que centenas deles se abrigaram sob um pano que alguns jovens deixaram secando, após lavarem suas motos. “Quando estava o sol bem quente, eu tirei o pano e eles morreram”, relata. Os bichos comeram toda a plantação de Bernardino. Só sobrou o milho. Já a armadilha preparada pelos técnicos da prefeitura (um balde com cerveja, enterrado no chão) não deu resultado.
O agrônomo Joedilson Freitas, da secretaria de Agricultura de Feira de Santana considera que a armadilha implantada pelos técnicos não falhou. O que falta é os agricultores adotarem as práticas corretas. “Tem que manter limpo, trocar a isca. Não precisa ser cerveja, podem ser matérias orgânicas, mas tem que estar sempre trocando”, explica. Joedilson aprova a ideia de colocar um pano, como fez Bernardino, mas recomenda que seja embebido com algo que atraia os animais.
Descarte – De acordo com as informações da Secretaria de Agricultura, a proliferação do caramujo africano no distrito feirense foi causada por um produtor de escargot que descartou os animais na natureza quando o empreendimento acabou.
O agrônomo informa que existe um veneno, mas não é recomendável, por ser muito forte e prejudicar o solo. O combate, de acordo com ele, deve ser permanente. “ O produtor pode levar com ele uma latinha e ir catando o que encontra. Depois eles devem ser jogados em cal, onde morrem desidratados”, explica.
A secretaria distribuiu cal para os produtores. Mas o objetivo não deve ser eliminar o caramujo. O agrônomo afirma que o caramujo já está incorporado ao ecosistema. Ele serve de alimento para cobras, por exemplo. (Fonte: A Tarde Online/BA)