Moradores da rua Brigadeiro Eduardo Gomes, do Goiabeiras- bairro da capital matogrossense, estão preocupados com a presença do caramujo africano – Achatina fulica – encontrado na calçada de uma residência, que está fechada há mais de seis meses.
“A gente fica apavorada deles entrarem em casa, porque tem criança. Agora não sei nem de onde saíram eles”, disse a moradora Elzira Pina Maciel, de 76 anos. Ela mora no mesmo local há 46 anos e disse nunca ter visto isso acontecer.
Os moradores sabem somente que eles começaram a aparecer há uma semana. Trata-se de um falso scargot e que, segundo a explicação do chefe do Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, Jacob Ronaldo Kuffner, ele chegou a Cuiabá há cerca de quatro ou cinco anos, por uma associação de caramujos de Goiás.
O caramujo africano já atingiu 23 Estados do Brasil, é considerado uma praga agrícola e pode causar meningite em crianças e perfurações abdominais, como apendicite, em idosos, por causa do muco que é liberado dele. Isso só ocorre se o caramujo estiver contaminado com a doença “angiostrogiliase”.
“O grande problema dele não está na saúde pública mas, sim, na agricultura e no meio ambiente, porque ele não tem predador que o mate naturalmente, por ser lá da África”, ressaltou.
Para tentar matá-los, os moradores do Goiabeira colocaram sal no molusco, porém, Jacob afirma que essa forma de extermínio não resolve. “É uma praga que veio para ficar e o que a pessoa deve fazer é não tocar jamais, colocá-lo em uma lata utilizando uma luva ou saco plástico e atear fogo em um local restrito, para evitar queimadas, pois estamos em um período crítico e de proibição”, complementou.
Por ser um animal hermafrodita, que se autofecunda, ele produz de 400 a 500 ovos em cada reprodução, que chega até 15 por ano. “Ele é um animal que consome muito calcário, que é para formar a carapaça dele, e por isso ele sobe nas paredes. Na verdade, ele come papelão e tudo que vê pela frente”, concluiu Jacob. (Folha do Estado)