Neste mês, no Princeton Plasma Physics Laboratory, nos Estados Unidos, físicos e engenheiros construíram trilhos dentro de um de seus reatores de fusão e ligaram um trenzinho de brinquedo por três dias. Não era um exercício de infantilidade, mas de calibração.
O modelo modificado de um motor de trem a diesel carregava um pouco de califórnio-252, um elemento radioativo que emite nêutrons enquanto se desintegra.
“Precisávamos sofisticar a técnica de calibração para garantir que estamos medindo os nêutrons da forma mais exata possível”, disse Masa Ono, diretor do projeto do National Spherical Torus Experiment.
O experimento é um pequeno reator projetado para testar novas abordagens para a fusão, na qual átomos de hidrogênio são fundidos em temperaturas extremamente altas para produzir energia – como o Sol faz. A fusão gera um número enorme de nêutrons, que informam como vai a reação.
O reator foi desligado para melhorias, e o tempo ocioso ofereceu uma oportunidade para recalibrar sensores de nêutrons.
Uma fonte estacionária de nêutrons foi usada anteriormente para calibração, mas isso não verificou inteiramente como os nêutrons se moviam. Colocar o califórnio no trem em movimento melhorou a precisão em um fator de 10, disse Ono (a mesma técnica tinha sido usada duas décadas antes em um dos reatores mais antigos de Princeton). Experimentos no reator devem recomeçar em março.
O califórnio é apenas levemente radioativo, então o trem de brinquedo não ficou verde após sua corrida no reator de fusão. Agora que ele cumpriu seu dever com a física, o trem está ligado ao redor da árvore de Natal do lobby de entrada do laboratório. (Fonte: Folha Online)