“Acho que São Paulo vai ter epidemias futuras graves, pode não ser neste ano, mas nos próximos, porque em São Paulo houve a mudança de temperatura brusca”.
Segundo Souza, quem conhecia São Paulo no passado, “aquele friozinho, aquela chuvinha fininha”, percebe hoje que a cidade passou a ter calor, tempestades uma atrás da outra, com muitos alagamentos.
“Ou seja, tudo o que o mosquito gosta tem na capital”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
O professor de saúde pública da Universidade de São Paulo (USP), Gonzalo Vecina, concorda com a avaliação de Souza, mas ressalta que, mesmo assim, a propagação da doença pode ser controlada.
“É possível que o Poder Público controle [a proliferação do mosquito transmissor da dengue], mas, a probabilidade de você ter uma epidemia, se o Poder Público esmorecer ou se a população não levar isso a sério, é muito grande”.
Luiz José de Souza destaca a importância de preparar o sistema de saúde para diagnosticar a dengue com rapidez e tratar a doença com eficiência.
“Tem que se organizar na assistência. Fazer o diagnóstico o mais rápido possível, o reconhecimento da doença, para poder fazer o tratamento adequado em tempo hábil”.
Nos dois primeiros meses deste ano, foram confirmados 67 casos de dengue na cidade de São Paulo, mais do que o dobro de igual período do ano passado (26). A Secretaria Municipal de Saúde ressalvou que apesar desse número, a infestação ainda é considerada baixa, por ser inferior a 100 casos por 100 mil habitantes. Historicamente, o maior número de casos na capital paulista se registra nos meses de março e abril.
Como a ocorrência da dengue é anual, principalmente nos meses mais quentes, Gonzalo Vecina destaca a importância de que as medidas de prevenção acompanhem essa periodicidade.
“A dengue é que nem limpar casa, todo dia é de limpar casa”.
Segundo Vecina, epidemias muito fortes, como as que começam a ocorrer em alguns municípios paulistas, decorrem do descuido das autoridades. Ele explicou que, sempre que a epidemia ocorre e foge do controle, a autoridade pública usou “de maneira inadequada” a sua capacidade de mobilizar as pessoas para que controlassem os locais onde os mosquitos crescem.
Para José Luiz de Souza, os problemas de infraestrutura do país impedem a erradicação completa da doença e atrapalham na prevenção. Ele destacou que a melhor prevenção é o trabalho combater o vetor, embora isso seja muito difícil no país, por problemas de infraestrutura.
“Condições de saneamento básico, condições habitacionais, temos hoje favelização crescente, abastecimento de água inadequado”.
Segundo ele, a única solução definitiva para o problema seria uma vacina que combatesse os quatro tipos de vírus existentes. (Fonte: Agência Brasil)