A causa pode ter sido doenças, humanos ou catástrofes climáticas, mas é certo que não foram mudanças climáticas, sugere a pesquisa, publicada na revista “Proceedings of the Royal Society B”.
As exatas razões que fizeram grande parte desses gigantescos predadores –que na época percorriam em rebanho o território da Eurásia e América do Norte– morrerem no final da Era do Gelo geraram debates acalorados.
Alguns especialistas afirmam que os mamutes foram caçados até a extinção há 10 mil anos pela espécie que se tornaria predadora dominante do planeta: a humana.
Outros argumentam que as mudanças climáticas são culpadas, já que as espécies acostumadas a climas amenos tiveram de encarar um mundo mais quente.
É sabido que uma colônia de mamutes lanudos sobreviveu até 4.000 anos atrás onde está hoje a ilha de Wrangel, na Rússia, ao norte da Sibéria e no Oceano Ártico.
A datação por radiocarbono mostra que ao menos alguns desses animais ainda existiam no ano 1.700 antes de Cristo.
Para melhor entender a extinção, pesquisadores liderados por Anders Angerbjorn, da Universidade de Estocolmo, analisaram pedaços de DNA mitocondrial – material genético herdado através das fêmeas – extraído dos ossos e das presas.
Eles apontaram sinais de diversidade genética declinante, o que significaria que muita procriação consanguínea em uma população pequena poderia ter sido a causa, em parte, a morte dos animais.
“Pode ser que a ilha fosse simplesmente muito pequena para suportar uma população de mamutes no longo prazo”, especulam os autores.
Com em torno de 7.600 km2 de área, a ilha de Wrangel é um pouco menor que a Córsega ou Porto Rico.
A ilha de Wrangel foi gradativamente submersa de 12 mil a 9.000 anos atrás.
A perda de variação genética também poderia ter sido resultado das mudanças climáticas ocorridas quando a Terra entrou no período interglacial, que foi uma bênção para muitos animais, mas não para os predadores gigantescos, afirma o estudo.
Para a surpresa dos estudiosos, no entanto, foi concluído que a diversidade genética manteve-se estável, ou até mesmo aumentou levemente, até o final.
“Isto sugere que a extinção final foi causada por uma mudança relativamente súbita no ambiente em que os mamutes viviam”, observou o estudo.
De acordo com dados arqueológicos, os humanos aparentemente chegaram à ilha cem anos depois de os mamíferos terem desaparecido.
Isso provaria que não foram os Homo sapiens que mataram os últimos mamutes, mas é possível que os humanos tenham chegado antes na ilha, sem deixar rastros.
Sobram as hipóteses clima ou doença – levantadas pelos pesquisadores -, que notaram que um evento súbito (uma grande tempestade, por exemplo) ou uma nova bactéria ou vírus poderia ter varrido a população remanescente.
O destino dos mamutes na ilha de Wrangel, afirmam eles, não é necessariamente um microcosmo de todas as espécies, porque as ilhas exercem pressões evolutivas diferentes nas diversas espécies animais.
Uma das teorias levanta a hipótese de as florestas em expansão na Europa e em parte da Ásia terem expulsado esses animais, comedores de grama, que foram gradualmente morrendo de fome. (Fonte: Folha Online)