Cerca de 15 toneladas de lixo foram recolhidas da praia de Boa Viagem, no Recife (PE), nesta segunda-feira (21). Segundo a assessoria de imprensa da Empresa de Limpeza e Manutenção Urbana do Recife (Emlurb), o lixo é conseqüência das chuvas e foi parar no mar após ter sido trazido pela enxurrada dos rios que cortam o estado.
Entre o material recolhido estão galhos e troncos de árvores, além de sofás, camas, fogões e até aparelhos de televisão. As carcaças de pelo menos três vacas também foram encontradas na areia da praia.
No Recife, 60 funcionários da limpeza urbana participaram da operação. O material recolhido foi levado para dois aterros sanitários. Segundo a Emlurb, praias de Jaboatão dos Guararapes (PE) também ficaram sujas com o lixo trazido pela enxurrada.
12 mortos – A Defesa Civil de Pernambuco informou que 12 pessoas morreram por causa das chuvas. Oito mortes foram registradas em Recife. Outros óbitos também foram confirmados em Agrestina, Belo Jardim, Cortês e Jaboatão dos Guararapes.
Mais de 42 mil pessoas tiveram de sair de suas casas por causa das chuvas em 54 municípios que registraram prejuízos. Segundo a Defesa Civil, Pernambuco tem 17.808 desabrigados e 24.552 desalojados.
Recife decretou estado de Alerta Máximo. A medida foi publicada no diário oficial de sábado (19). Segundo informações do governo, Água Preta, Gameleira e Palmares são as cidades mais atingidas pela chuva. Duas pontes construídas sobre a BR-101 foram levadas pela enxurrada em Palmares.
Ventos e temperatura do Atlântico – A coordenadora do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe), Francis Lacerda, explicou ao G1 que as chuvas que atingiram o estado são resultado de um fenômeno chamado ondas de leste, que é normal nesta época do ano e causa precipitação na costa leste do Nordeste.
Segundo Francis, ventos fortes e a temperatura da água do Atlântico, que está 1,5ºC mais elevada que o normal, contribuíram para a intensificação das chuvas.
“Quando há águas mais quentes no oceano, as chuvas ficam mais intensas do que o normal. Os fortes ventos alísios também intensificaram a propagação das ondas de leste. Normalmente, elas não ultrapassam mais do que 100 quilômetros da costa, mas esse fenômeno chegou a produzir precipitação a 400 quilômetros de distância da costa”, diz.
De acordo com a meteorologista, a previsão climática de longo prazo indica que as chuvas devem ficar perto do índice normal. Entretanto, há condições no oceano e na atmosfera que podem intensificar as ondas de leste e causar mais chuvas intensas.
“Essas ondas de leste podem ser amplificadas pelo atual quadro do oceano e da atmosfera. Ainda existe a possibilidade da atuação de fenômenos como esse na costa do Brasil, mas acho que é pouco provável que outras ondas de leste alcancem a intensidade dessa que atingiu Pernambuco na semana passada”, diz. (Fonte: G1)