A Comissão Baleeira Internacional (CBI) iniciou nesta segunda-feira (21) suas reuniões em Agadir (Marrocos), com o objetivo de chegar a um acordo entre partidários e críticos da caça, em meio a acusações de ter motivações mais políticas do que ambientais.
Essa 62ª sessão da CBI, que foi criada em 1946 para regular a caça às baleias, examinará até sexta-feira um projeto de acordo para pôr um ponto final a 25 anos de conflito entre seus 88 membros, que têm desentendimentos desde a entrada em vigor, em 1986, da moratória à caça.
A proposta prevê reduzir o número de capturas para os próximos dez anos, o que significa autorizar a pesca comercial. O texto não determina, porém, o que ocorrerá quando esse período interino for concluído.
Noruega e Islândia (que criticam a moratória) e Japão (que também apoiam seu fim no caso de caça para pesquisa científica) capturaram mais de 1.500 baleias no ano passado, das quais 1.000 corresponderam apenas ao Japão, segundo cotas que o próprio país se concedeu.
“Para chegar a um compromisso”, considerou o delegado alemão Gert Linnemann, “será necessário determinar o que acontecerá após dez anos e estarmos certos, pelo menos, de que a caça não ocorrerá nos santuários de baleias”, criados no Oceano Índico e no Austral.
O Japão, que pesca nessas regiões, de nenhuma forma aceitaria acabar com uma tradição cultural muito marcada pelo nacionalismo nipônico.
“Nessa negociação, uma cota final zero é impossível de ser aceita pelo Japão”, advertiu na segunda-feira em Agadir a ministra adjunta da Agricultura, Yasue Funayama.
“Se o Japão for atacado, pode sair da CBI e ninguém poderá então fazer nada pelas baleias”, advertiu um diplomata europeu.
O primeiro ponto da discussão é o das cotas sugeridas para os próximos anos: o comitê científico da CBI distribuiu na segunda-feira o relatório que guiará as decisões dos países membros.
A CBI afirma que as cifras propostas até 2014 possibilitarão matar no total 3.860 baleias, ou seja, uma redução de apenas 8% em relação às capturas atuais.
Essas cifras são “resultado mais de negociações políticas que de trabalhos científicos” sobre o futuro das baleias, disse Vincent Ridoux, delegado científico francês em Agadir.
Por outro lado, “três quartos das delegações não têm pessoal científico e então apenas abordam o tema do ponto de vista político”, completou.
Esse relatório somente será examinado na plenária de quarta-feira. A CBI fará dois dias de trabalhos a portas fechadas para tentar pacificar o terreno e abrir caminho para as negociações.
“Isso permitirá a cada grande região abordar o tema calmamente com os três países caçadores”, disse um diplomata europeu.
Mas “o que é que escondem? Isso proporciona a teoria da conspiração”, disse Rémi Permentier, porta-voz do Pew Environment Group (que conta com o estatuto oficial de observador).
Como o presidente chileno da CBI está ausente por motivo de doença, a reunião será presidida pelo vice-presidente do organismo, Anthony Liverpool, de Antígua e Barbuda. Mas esta ilha do Caribe vota tradicionalmente a favor do Japão.
Segundo reportagem do Sunday Times, a fatura de hotel de Liverpool em Agadir está sendo paga por um empresário japonês.
“O maior risco desta conferência é retroceder”, afirmou nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Murray McCullya, declarando posteriormente que “temos que fazer todo o possível para avançar”. (Fonte: Yahoo!)