Cientistas conseguiram medir da forma mais precisa até o momento a massa do neutrino, partícula subatômica com massa minúscula que interage muito pouco com outras partículas.
O neutrino interage tão pouco com a matéria que é capaz de atravessar um ano-luz (9,6 trilhões de quilômetros) de chumbo (metal denso) sem se chocar com um único átomo.
Usando informações do maior banco de dados de galáxias existente, pesquisadores estabeleceram um limite superior para a massa do neutrino: ela não é maior que 0,28 elétron-volt (elétron-volt é uma unidade de energia; segundo a equação E = mc2, massa e energia são intercambiáveis).
A estimativa corresponde a menos que um bilhão de vezes a massa de um átomo de hidrogênio.
A medição é o resultado do trabalho de doutorado de Shaun Thomas, do University College London, em Londres, sob a orientação de Ofer Lahav e Filipe Abdalla.
Os cientistas usaram o maior mapa 3D de galáxias já criado, baseado em dados colhidos pelo SDSS (Sloan Digital Sky Survey).
Eles determinaram o limite superior da massa do neutrino analisando a distribuição de galáxias no Universo.
Ondas do mar – A massa do cosmos organiza-se naturalmente em grupos de galáxias. Como os neutrinos são extremamente leves, eles se movem pelo Universo a grandes velocidades. Isso tem o efeito de suavizar esse agrupamento natural da matéria, explicaram à “BBC News” os cientistas.
É como as ondas do mar aplainando um monte de areia na praia. Ao analisar o quanto desse aplainamento das galáxias ocorreu, os cientistas conseguiram estimar o limite superior da massa do neutrino.
Segundo Lahav, os neutrinos podem representar uma pequena parte da matéria escura, a substância misteriosa que representa mais de 80% da massa do Universo.
Os resultados serão publicados na revista “Physical Review Letters”. (Fonte: Folha.com)