Um experimento de manipulação genética fez o fígado de cobaias assumir uma função normalmente exercida pelos rins, ajudando o organismo a produzir hemácias, os glóbulos vermelhos do sangue. A pesquisa, realizada no instituto Howard Hughes, de Boston (EUA), sugere uma nova forma de tratar a anemia de origem renal.
A estratégia usada no estudo foi fazer com que o fígado de animais adultos fabricasse eritropoietina, hormônio que estimula a síntese de hemácias. Normalmente, só os fígados de embriões fabricam essa molécula. A produção é transferida para os rins após o nascimento.
Em doentes renais, porém, o nível de eritropoietina cai, levando à falta de hemácias.
Para tentar religar no fígado adulto a função do embrionário, os cientistas estudaram um grupo de substâncias chamadas PHD, que inibem a produção de eritropoietina. A ideia era encontrar alvos para drogas capazes de “inibir o inibidor”.
Os cientistas alteraram o DNA de camundongos para desligar a produção de variantes de PHD no fígado a fim de descobrir quais delas inibiam a eritropoietina com mais eficácia. Descobriram que é preciso silenciar três variantes da enzima ao mesmo tempo para que o fígado volte a produzir a substância.
Segundo William Kaelin Jr., um dos autores do estudo publicado nesta sexta-feira (23) na revista “Science”, já existem inibidores de PHD que se mostraram promissores em experimentos em pacientes com doença renal crônica. (Fonte: Folha.com)