“Está na hora de abandonar a ficção reducionista que tenta enquadrar em preto ou branco as conclusões acerca de as mudanças climáticas induzidas pelo homem serem fato ou conspiração.
Em vez disso, é necessário aceitar que o clima está mudando e que há tons de cinza nos estudos e nas conclusões sobre o quão rápido e quão grave será o impacto e o que podemos fazer a respeito.”
Esta é a mensagem de um grupo de cientistas considerados líderes mundiais na área de climatologia, depois de “digerirem” o relatório oficial do Reino Unido para o caso Climagate, quando e-mails trocados por cientistas da Unidade de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia foram tornados públicos em novembro de 2009.
Cientistas que aprendem – Muir Russell, um ex-funcionário público que passou sete meses investigando o assunto, concluiu em seu relatório oficial que “o rigor e a honestidade dos cientistas envolvidos não estão em dúvida”.
Mas ele os exortou a mostrar mais abertura, a abandonar sua atitude “defensiva e que não ajuda em nada” ao responder às solicitações de compartilhar seus dados, e a fazer mais esforços para debater com os céticos do clima, que questionam seus dados e suas conclusões.
Os cientistas da área, não enquadrados como céticos, contatados pela revista New Scientist, concordaram com as sugestões.
Sobre o compartilhamento dos dados, o glaciologista Richard Alley, da Universidade Estadual da Pensilvânia afirmou: “Nós estamos aprendendo como fazer isso, e como tornar [esse debate] mais útil para o público e para outros cientistas.”
Crentes e céticos do clima – No geral, contudo, os cientistas acreditam que a maior herança desse triste evento será a perpetuação do mito de que o mundo é dividido em “crentes” e “céticos” das influências humanas sobre o aquecimento global – virtualmente não há dúvidas sobre o aquecimento global, mas há muitos questionamentos sobre o papel do homem nesse aquecimento.
“Isto não deve ser visto como se os cientistas não conseguissem entrar em um acordo, que há ou preto ou branco,” disse Brian Hoskins, do Instituto Grantham para a Mudança Climática, em Londres. “Estamos todos distribuídos ao longo de vários tons de cinza nesse assunto, e temos de ser capazes de discutir isto, e as implicações [das nossas diferentes visões].”
“Dentro da comunidade científica, os organismos de avaliação devem esforçar-se para incluir a diversidade dos pontos de vista, de modo que as incertezas e as disputas sejam claras e transparentes,” afirmou Roger Pielke Jr, da Universidade do Colorado.
Hoskins acrescentou que questionar a ciência do clima é o trabalho dos bons cientistas. Já as pessoas envolvidas em agendas políticas, nem este relatório e nem qualquer outro argumento, acredita ele, poderá demovê-las de suas posições. (Fonte: Inovação Tecnológica)