Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou casos de infecção por dois tipos do vírus HIV em um mesmo paciente, no Brasil. Os pesquisadores encontraram a presença do vírus HIV-2 em 15 pessoas, de estados diferentes, já infectadas pelo vírus HIV-1, responsável pela maioria dos casos de aids no Brasil e no mundo.
Os vírus apresentam características biológicas diferentes e exigem tratamentos específicos. O HIV-2 provoca evolução mais lenta da doença e é resistente a alguns antirretrovirais. O HIV-1 é mais comum na transmissão vertical (de mãe para filho) e na sexual.
De acordo com o trabalho da Fiocruz, os testes atuais disponíveis no país não dispõem de reagentes para identificar a presença do vírus tipo 2, somente o do tipo 1. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) e laboratórios particulares têm condições de identificar os dois tipos de HIV.
Dos 19 remédios que integram o coquetel antiaids, o HIV-2 apresenta resistência a apenas a um. Para o ministério, o resultado da pesquisa não deve ser visto com alarde, pois não representa a maioria dos brasileiros. A recomendação do governo federal é o uso frequente da camisinha para evitar a infecção por um dos vírus (tipo 1 ou 2) e também a coinfecção (os dois tipos ao mesmo tempo).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2008, 34 milhões de pessoas no mundo tinham o HIV-1, contra 2 milhões infectados pelo HIV-2.
Identificado pela primeira vez em 1985, em pacientes do Senegal, o HIV-2 predomina nos países da África Ocidental, como Guiné Bissau, Gâmbia e Costa do Marfim. Há registros também em Portugal, na França e na Espanha. (Fonte: Carolina Pimentel/ Agência Brasil)